Obra de Santa Zita da Covilhã – Uma casa a unir escola e família

Abriu portas em 1933 e foi-se adpatando aos tempos. Hoje, a Obra de Santa Zita da Covilhã acolhe 110 crianças nas valências de Creche e Pré-escolar

Começou por funcionar numa pequena casa alugada no centro da cidade. Decorriam os primeiros anos da década de 30 do século XX. Em 1933, pouco depois da abertura da primeira casa na Guarda, a Obra de Santa Zita (OSZ) instalou-se na Covilhã com o mesmo propósito: acolher, formar e promover as empregadas domésticas que saiam dos meios rurais para servir senhores abastados nas grandes cidades. O sonho do Padre Joaquim Alves Brás estava a  tornar-se realidade.

As problemáticas sociais foram mudando e a OSZ da Covilhã, à semelhança do que foi acontecendo com outras OSZ espalhadas pelo país, foi-se adaptando aos tempos para continuar a servir a sociedade. Depois do apoio às empregadas domésticas, seguiu-se o apoio às famílias deslocadas para trabalhar nas fábricas da região, o apoio aos estudantes e o apoio aos professores também eles deslocados para uma cidade que começava a crescer. 

Na década de 70 a acentuada entrada da mulher no mundo do trabalho fora de casa colocava a interrogação: Onde deixar os filhos?
 “Começamos com uma criança que era nossa vizinha e assim nascemos nesta simplicidade, assim nasceu a nossa Creche e Pré-escolar”, conta Maria Páscoa Fonseca, Cooperadora da Família e Diretora da OSZ da Covilhã.

A educação para os valores

Entretanto, a pequena casa alugada já se tinha transformado numa grande casa construída nos arredores da cidade. Hoje está engolida pela malha urbana que foi descendo a encosta da Serra. “Agora temos 110 crianças: 60 na Creche e 50 no Pré-Escolar”, explica Páscoa Fonseca. 

A formação para os valores dentro de um carisma herdado do Padre Brás é o mote para a educação destas crianças e para a envolvência dos pais. “A nossa preocupação é ajudar a família a assumir as suas responsabilidades”, conta Páscoa Fonseca ao mesmo tempo que recorda a recente Semana da Vida focada na eutanásia:” A família deve acolher os seus desde o berço até ao termo e por isso nós assinalamos aqui todos os dias que celebram a família: o Dia da Mãe, do Pai, dos Avós… Festa do Natal, da Páscoa. O objetivo é cimentar o sentimento Família”.

Tal como em muitas outras Creches e Pré-escolar, também aqui o divórcio entre pais é uma realidade. Páscoa Fonseca fala da experiência das “suas crianças”.  Quando as Educadoras lhe pedem para desenharem a família, não são raras as vezes, em que nos desenhos aparece o “namorado da minha mãe” ou a “namorada do meu pai” ou até “o filho do meu pai”. São novas realidades que têm de ser “acolhidas”, afirma Páscoa Fonseca mas sem nunca deixar de defender “a família que Deus criou: um pai e uma mãe”. 

A união entre a escola e a família

Para ajudar na educação e formação destas crianças as Cooperadoras da Família contam com o apoio de 20 colaboradoras que vestem a camisola da casa e põem em prática o carisma do Padre Brás. Para Joana Carapito, Coordenadora Pedagógica da OSZ, os pilares desta casa assentam “na união escola/família”. Joana, também ela Educadora de Infância, explica que “a família, os valores da família estão sempre no centro” do Plano Pedagógico anual. Um trabalho que é feito em colaboração com os pais: “Nós não conseguimos incutir nada na escola se não partir de casa e por isso precisamos da família para cumprir os nossos objetivos”.

Mas nada como partir à descoberta das várias salas da Creche e Pré-escolar da OSZ. Entramos na sala da Educadora Antonieta Martins. Hoje tem a ajuda do Vânio para contar a história do “Rato Renato”. “Aos fins de semana um menino leva uma história para casa, para ler com os pais, e depois, à segunda-feira, esse menino vai-nos ajudar a contar a história aos outros colegas”, explica Antonieta. Nesta sala existem também dois chefes (a quem é atribuído o respetivo crachá) que vão mudando todos os dias e que ajudam as educadoras no que for preciso. “É para lhes incutir o sentido de responsabilidade”, conta Antonieta que já tem 21 anos de casa. “É um privilégio trabalhar nesta casa”, afirma”. “Quando cheguei aqui fiquei com um grupinho de dois anos e hoje, alguns desses meninos, já têm filhos”. 

Para esta Educadora são os valores que fazem a diferença. Valores inseridos dentro de um projeto de trabalho anual que este ano tem como tema: “Crescer em união com a família no coração”.

A palavra dos pais

Para muitos pais os valores pelos quais se rege esta instituição são a sua grande mais-valia. “Gosto que haja esta relação com Deus e com o padre Brás porque é esse o caminho que incuto ao meu filho”, conta a mãe Sónia Mendes. Mas destaca também o “carinho “ que existe para com as crianças e o “espaço seguro e escolhedor”. 

A mãe Andreia Carriço tem uma menina de seis anos e um menino de dois na OZS. Destaca os “valores cristãos” mas também a “qualidade do serviço que é prestado, o profissionalismo e o ambiente que se vive na instituição”.

Mas poderemos também dar a palavra ao pai Daniel Tomás que tem dois filhos na instituição e que diz que “tem tudo corrido muito bem”, ou ao pai Ângelo Correia que se mostra muito satisfeito “com o nível de “educação, acampamento e crescimento” do filho, ou ainda o Paulo Gil, que se prepara para ser pai pela segunda vez e que, o que mais o emociona,  “é a forma” como a filha de quatro anos “chega de manhã e abraça as educadoras”.

E o futuro?

Páscoa Fonseca não tem medo. Cabo-verdiana, chegou a Portugal com 15 anos, apaixonou-se pelo carisma de Monsenhor Alves Brás e está há 41 anos no Instituto Secular das Cooperadora da Família. “A obra é de Deus”, afirma, e por isso acredita que não desaparecerá. 

São apenas cinco as Cooperadoras na OSZ da Covilhã, a sua grande maioria já com uma idade avançada. Mas a Obra tem vindo a apostar na formação das colaboradoras, são elas as mediadoras entre a instituição e as famílias. “Queremos deixar esse legado que o Fundador nos entregou, não o queremos levar connosco”, afirma. 

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