Já lá vão muitos anos desde que tivemos a ideia de criar uma horta no Jardim de Infância. Era um projeto muito antigo e que foi sendo desenvolvido em pequenos canteiros no exterior e algumas experiências dentro das salas, em vasos. Assim, o nascimento desta horta com estas condições fantásticas foi um sonho antigo tornado realidade e uma bênção para toda a equipa e crianças do Botãozinho.
É uma grande aposta na educação ambiental e, ao mesmo tempo, um cuidado acrescido para a Instituição, se tivermos em conta que todos os produtos produzidos são biológicos. Estamos a apostar no ambiente e na qualidade dos produtos usados na nossa alimentação.
As crianças têm o privilégio de ter um contacto direto com a horta, desde a sementeira, as plantações dos produtos hortícolas, ao cuidado que é preciso depois dispensar-lhes como regar, arrancar as ervas daninhas, até irem fazer a colheita para depois os levarem à cozinha onde serão confecionados para uma próxima refeição.
Todo este processo contribui de forma muito positiva a nível alimentar para as crianças porque além de ficarem a conhecer alguns produtos no seu estado natural, e sua evolução até aparecerem na nossa mesa podem também saboreá-los. A reação das crianças tem sido muito boa.
Quem não sabe o difícil que é introduzir legumes na dieta alimentar das crianças? E connosco também acontece mas, basta dizermos, por exemplo: “os brócolos são da nossa horta” e é vê-los comer.
O projecto da horta não só envolve as crianças como as suas famílias na medida em que estas podem visitar a horta na companhia de seus filhos e estes vão explicando o que fizeram ou estão a fazer. Alguns produtos colhidos na horta são levados pelas crianças para suas casas onde podem ser confecionados e saboreados por todos.
O espaço da horta é muito agradável e esteticamente muito bonito, um lugar que pode e deve ser frequentado, visitado e apreciado e respeitado por todos.
As famílias têm manifestado um parecer bastante positivo relativamente a este projecto.
As crianças receberam esta iniciativa com muito entusiasmo, combinámos e pedimos aos pais para trazerem galochas porque íamos trabalhar na horta!…
Primeiro fomos reconhecer e assinalar o espaço reservado para cada sala. Depois, todos devidamente equipados lá vamos nós: aprendemos os nomes de alguns instrumentos que vamos usar: ancinho; sachola, regador, mangueira…
Depois preparar a terra, é preciso retirar as pedras, alisar a terra, escolher o que queremos semear ou plantar, observar e recolher sementes ou plantas para cultivar
Participámos entusiasticamente no desenvolvimento da horta, pacientemente fomos esperando que os primeiros rebentos saíssem da terra, depois, dia a dia, individualmente ou em grupos, de regador ou mangueira em punho, regar para que continuem a crescer. Crescer, crescer, observando e enriquecendo o nosso saber.
O balanço é já bastante positivo pois é sempre com enorme alegria que crianças e adultos vão à horta. O contacto com a natureza, o conhecimento que a horta lhes transmite é muito importante para o crescimento individual e de grupo, bem como as aprendizagens ao nível da matemática e da leitura/escrita e mini projectos.
Na matemática usamos registos para medir os legumes tirando partido de várias unidades de medida.
Na leitura/escrita registamos as novidades e acontecimentos que trazemos da horta acompanhados, quase sempre, de registos fotográficos.
Tudo isto para além de aprendermos o respeito e cuidado que devemos ter com a terra e com a água bens essenciais à nossa vida e existência e à de todas as pessoas. Devemos utilizar as coisas servindo-nos delas para o bem de todos.
Sim é sempre com emoção que vamos ver e tratar dos nossos legumes, vemo-los tão pequeninos, tal como nós quando éramos bebés, e depois, com o passar do tempo e com os nossos cuidados… regando, arrancando ervas daninhas, retirando pedras… é vê-los crescer.
Às vezes confundimos legumes e ervas daninhas e ouvimos os adultos: “cuidado, isso é uma couve”!
Ou então quando estamos a regar: “Não ponhas tanta água, afogas os brócolos”!
Ao arrancar as ervas, às vezes lá vem uma urtiga e dizem: “ai, ai esta nabiça pica”!
Texto: Equipa pedagógica/educativa do “Botãozinho”