Pertencer a… construir família… realizar qualquer projeto de vida, são anseios que habitam o coração humano e o põem em movimento na procura da sua identificação e concretização. Anseios, que o número de divórcios, as separações e o abandono de outros projetos, não ‘apagam’ no coração dos jovens, mas reforçam a necessidade de resignificar o leque das escolhas, apresentando-as na sua inteireza e no seu realismo, sem medo de contrariar o difuso receio do “para sempre” que assusta tantos jovens e adultos.
Abraçar um projeto e ser-lhe fiel, cada dia, no meio de alegrias e dificuldades, tem uma força polarizadora e convergente, capaz de mobilizar a pessoa toda, de dar sentido às restantes escolhas e canalizar, na realização das mesmas, todas as forças físicas, psíquicas, afetivas e espirituais, operando um processo de enamoramento constante e de transformação gradual.
A realização de um projeto de vida pode comparar-se à experiência de escalar uma montanha. Não é fácil explicar alegria que se experimenta nesta difícil, arriscada, mas gratificante aventura. O cansaço e as dificuldades experimentadas, não eliminam alegria e a alegria não elimina o cansaço e a superação dos obstáculos, donde se conclui que na realização de um sonho, nada se exclui, mas tudo se integra.
Hoje, confunde-se facilmente, sentimentos e desejos com vontade profunda, o que é um engano falacioso. O amor não é apenas gostar, é também permanecer, persistir e crescer e isto é muito mais profundo e durável que o sentimento. A este propósito, na exortação Alegria do Amor, o Papa defende, a necessidade de educar e formar os jovens para opções que assentem em valores duradouros e estáveis. “…e não há nada mais volúvel, precário e imprevisível que o desejo, e nunca se deve encorajar uma decisão de contrair matrimónio se não se aprofundaram outras motivações que confiram a este pacto reais possibilidades de estabilidade”.
Maria Vieira – Diretora Jornal da Família