A atenção ao outro deve ser a base da comunicação na vida do casal. Quem o defende é Luís Marques, psiquiatra dos Hospitais da Universidade de Coimbra e um dos conferencistas do seminário “Crescer juntos – tornar fecundo o amor” promovido pelo Instituto Secular das Cooperadoras da Família (ISCF).
Numa conferência intitulada “A comunicação do casal”, que decorreu no dia 19 de março na casa de retiros do ISCF, em Fátima, Luís Marques defendeu que “a verdadeira comunicação tem de estar atenta à situação concreta da pessoa para lhe proporcionar conforto, para a encorajar, para lhe dar atenção e compreendê-la”.
Comunicar é muito mais do que falar. “A maior parte do tempo comunicamos através da comunicação não-verbal”, afirmou Luís Marques. E a comunicação não-verbal ganha importância na vida do casal: os gestos, o olhar, o toque, a atitude do corpo, o aspeto.
“Escutar, ver, escutar e depois falar” são os principais passos na comunicação do casal. Mas neste processo homens e mulheres têm as suas diferenças. “O homem precisa de se sentir apreciado, a mulher precisa de se sentir compreendida. Ela precisa de se sentir elogiada. Ele precisa de se sentir encorajado”, exemplificou Luís Marques.
Homens e mulheres pensam, sentem, reagem e comunicam de maneira diferente, mas esta diversidade é algo que deve ser vista como uma riqueza e não como um problema. Segundo Luís Marques, as mulheres têm mais tendência para falar dos problemas enquanto os homens têm dificuldade em falar de situações negativas que deixam arrastar. Este psiquiatra ilustrava a tese com a experiência da profissão: “80 por cento das pessoas que eu atendo são mulheres”.
Com algum humor à mistura Luís Marques perguntava aos casais presentes qual tinha sido o dia do casamento de cada um. Perante a diversidade de respostas respondeu: “Não, o casal casa-se todos os dias”.
A espiritualidade familiar
A segunda conferência do seminário promovido pelas Cooperadoras da Família abordou a espiritualidade familiar/conjugal. O cónego Rui Pedro, coordenador da Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa começou por descrever aquilo que não é a espiritualidade conjugal: “não é uma imitação da vida monástica ou religiosa, não é uma fuga, não é cada um a rezar para seu lado mas também não é tudo em conjunto”.
O responsável da Pastoral Familiar do Patriarcado, que referiu várias passagens do livro “A espiritualidade conjugal” de Henri Caffarel, trazia algumas receitas para a concretização dessa espiritualidade conjugal. A primeira “é o cônjuge”. A missão da esposa é ajudar o esposo e vice-versa. É estarem atentos um ao outro. É ajudarem-se na educação dos filhos em vista à santidade. A segunda receita “é o amor humano”. Aquele que cria laços de pertença. “Logo quando nascemos somos pertença de muita gente”, afirmou o Cón. Rui Pedro.
O matrimónio é a ajuda de Deus nessa entrega de um ao outro. E a espiritualidade familiar deve assentar nos momentos vividos em Cristo. No Cristo que “é visto como alguém lá de casa”. “Se assim viverem”, concluiu o Cón. Rui Pedro, “a vossa casa será uma pequena Igreja doméstica”.
O seminário “Crescer juntos – tornar fecundo o amor” partiu da Exortação apostólica pós – sinodal “A alegria do amor” e inseriu-se no carisma de serviço à família do ISCF. Alice Cardoso – Coordenadora geral do ISCF referia que perante as multifacetadas ameaças à família “ganha novo vigor missionário” o carisma de Monsenhor Alves Brás, fundador da Família Blasiana, pautado pela promoção e dignificação da família.
O seminário terminou com a celebração eucarística presidida pelo Cón. Rui Pedro. E em Dia do Pai os parabéns foram para todos os pais presentes mas também para o casal Carlos e Helena Domingos que completou recentemente 25 anos de casamento.
O seminário contou com mais de 200 participantes que vieram de todo o país e foi um momento de formação para os casais presentes, para as Cooperadoras da Família e para os colaboradores dos equipamentos sociais ligados ao ISCF.
Texto: IM/Jornal da Família