Não é uma vocação tardia. Maria Helena desde cedo sentiu o chamamento vocacional mas a vida fê-la trilhar outros caminhos até chegar aqui. Aos 51 anos prepara-se para fazer a Oblação Perpétua, ou seja, a incorporação definitiva no Instituto Secular das Cooperadoras da Família (ISCF). Será no dia 15 de agosto, Solenidade de Nossa Senhora da Assunção, na Casa de Retiros do ISCF, em Fátima.
Maria Helena Marulanda Gallego nasceu em Manizales, capital do Departamento de Caldas, na Colômbia. Filha de uma família católica de seis irmãos, Maria Helena afirma que teve uma “infância feliz rodeada de muito amor”. A espiritualidade foi uma componente forte da sua formação e moldou a sua personalidade. Maria Helena conta que a mãe dava muita importância aos sacramentos e até chegou a ser batizada duas vezes dado que o primeiro registo de batismo se perdeu.
A vocação surgiu quando tinha 19/20 anos, mas o falecimento do pai e a mudança da família para Bogotá adiou a entrega. Maria Helena, Secretária Comercial, foi chamada a ajudar no sustento da família. Quando a situação ficou mais estável financeiramente, Maria Helena ingressa numa comunidade religiosa italiana, em Bogotá. Na altura tinha 38 anos. Mas foram apenas 13 meses de vida religiosa. A mãe adoece e Maria Helena volta para a casa da família para cuidar da mãe, doente de Alzheimer.
Pouco tempo depois de estar de regresso a casa conhece o ISCF por intermédio do irmão, José Alonso, frade beneditino da comunidade de São Paulo Fora de Muros, que contactou com o trabalho das Cooperadoras em Roma. Foi Alonso que lhe falou das Cooperadoras da Família e do carisma deste Instituto Secular. Um Instituto dedicado à santificação da família onde os seus membros podem viver o carisma no seio da sua família ou em Grupos de Vida Fraterna.
Maria Helena encontrou neste instituto o caminho para a concretização do seu chamamento vocacional sem pôr em causa a dedicação à mãe. Assim começou uma longa caminhada de formação à distância, feita a partir do Centro do ISCF em Madrid, com o acompanhamento da Cooperadora Henriqueta Baptista.
Passados dois anos de formação, Henriqueta e Dulce Teixeira (na altura Coordenadora Geral do ISCF) foram ao México participar no Congresso Internacional dos Institutos Seculares e no regresso passaram pela Colômbia para conhecer Maria Helena e apresentar o Instituto ao bispo da diocese, dado que a realidade dos Institutos Seculares é pouco conhecida na Colômbia e não existe nenhuma congregação que se dedique à Família.
Após os primeiros cinco anos de formação Maria Helena veio a Portugal fazer a Primeira Oblação. Regressou para continuar a cuidar da mãe. Uma missão que cumpriu com total dedicação durante 13 anos. A mãe de Maria Helena faleceu há nove meses e esta colombiana inicia agora uma nova etapa de entrega na sua vida. Esteve ao lado da família sempre que esta precisou e passa agora a entregar-se a muitas outras famílias imbuída do carisma de Monsenhor Alves Brás. Após 10 anos de formação regressa a Portugal para fazer a Oblação Perpétua no ISCF.
“É um dia de muita alegria e felicidade”, afirma Alice Cardoso, Coordenadora geral do ISCF. “É uma reafirmação de que o carisma do nosso Fundador, Monsenhor Alves Brás, continua a entusiasmar e a ser resposta para os anseios de pessoas que desejam consagrar a vida a Deus e ao Instituto abraçando este ideal que é o de santificação da família”.
Para já, e devido à facilidade de comunicação, Maria Helena vai ficar ao serviço do Instituto em Madrid. Mas a escolha de Madrid não se fica apenas a dever à língua. “Maria Helen, para além das competências burocráticas e administrativas que adquiriu enquanto Secretária Comercial, tem também facilidade em se relacionar com pessoas de várias idades. “Na casa de Madrid temos um Lar de terceira idade e um Jardim de Infância e parece-nos que a Maria Helena poderá ser uma mais-valia para poder dar lá o seu contributo”, explica Alice Cardoso.
Mas o serviço de Maria Helena será onde for mais necessário. “Estou aberta ao que o Senhor e o Instituto me pedir”, afirma. Maria Helena sempre manifestou a vontade de, após o falecimento da mãe, viver num Grupo de Vida Fraterna por isso conta que “sabia que tinha de deixar a Colômbia para viver esta minha vocação”. Para Maria Helena este “é um momento de grande felicidade” que agradece ao Senhor. Aquele que a ajudou a cuidar da família e “fez” “com que a sua “vocação não se perde-se” enquanto se dedicou de alma e coração ao cuidado da mãe.
Na mesma celebração uma jovem portuguesa de 24 anos, Angélica Galvão, fará a Primeira Oblação depois de um percurso de cinco anos de formação.
Texto: Jornal da Família – Edição agosto/setembro 2017