Quando se pensa num editorial e nos grandes temas da atualidade, a tragédia, pela curta distância e gravidade impõe-se. Entretanto, já houve pedidos de desculpa, já houve demissões e tomadas de posse; já foi anunciado um plano de recuperação, mas nada paga a dor, as perdas humanas e o tempo da espera…
Agora… agora disponibilizam-se milhões. Mas porque não se fizeram cumprir as regras? Exige-se até à exaustão aos particulares, penalizando-os com avultadas multas, no caso de incumprimento, mas nas instituições públicas funciona o livre arbítrio… um peso, duas medidas…
A indignação e a revolta ganham força neste país, onde o desenvolvimento não acontece a duas velocidades, mas a três ou quatro, conforme o local onde se vive, as oportunidades que se têm e o apadrinhamento imoral que outros conseguem, desprovido totalmente de sentido cívico, como é o caso da “Operação Marquês”. Nos discursos, empolgam-se as causas ecológicas, mas no concreto, não existe uma ação concertada de defesa da biodiversidade, a começar pela vida humana.
Nesta tragédia, quantos populares foram grandes heróis na defesa dos seus próprios bens, mas também no cuidado com outros que viviam perto, mas desprotegidos. Disso devemos orgulhar-nos e aprender a lição do verdadeiro altruísmo. Não me sai da mente um casal residente em Lisboa que, sabendo do sucedido, cada um se meteu em seu carro e avançaram, por estradas diferentes para salvar os pais. Salvaram-nos por pouco, tudo foi destruído. Gestos heroicos, à altura do valor e da dignidade da pessoa humana. Como tantos, são dignos de admiração e até de condecoração!…
Quando se compagina os estéreis debates, de ataque e culpabilização, na Assembleia da República com estes dramas, cresce a desilusão e o desencanto. O grande círculo de deputados, eleitos para ter um olhar global e apoiar criticamente a governação, por vezes, parecem brincar em assuntos menores, como é o caso da ideologia do género, a eutanásia e temas semelhantes, que deveriam ser decisões do foro e da liberdade de consciência de cada pessoa. Ninguém proíbe ninguém…
Governar não é um aproveitamento do poder, para que alguns ou algumas ideias singrem, mas um serviço a todos e ao país inteiro. A ausência de valores e o consequente permissivismo, neste País, é preocupante… Para maior segurança e proteção de todos, é necessário reaprender a moral, a ética e o sentido cívico.
Vieira Maria