Em previsão e preparação do Sínodo dos Bispos 2018 sobre o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, a Congregação para a Vida Consagrada (CIVCSVA) organizou em Roma, de 01 a 03 de dezembro, um congresso destinado aos ‘Responsáveis Maiores’, aos Animadores e Agentes da Pastoral Vocacional, reflectindo o tema: «Pastoral Vocacional e Vida Consagrada – Horizontes e Esperanças, à Luz do convite de Jesus “Vinde e Vede” (Jo. 1,3-9)». As Cooperadoras Mª da Conceição Gomes Vieira e a Elisabete Puga participaram neste congresso e partilham com todo o Instituto algumas ressonâncias do mesmo.
A metodologia do Congresso constou de diversas apresentações sobre a temática vocacional na Vida Consagrada, as quais foram fonte de iluminação para a partilha de testemunhos e experiências que aconteceram no segundo dia do Congresso, bem como para os trabalhos de grupos que se foram realizando, por grupos linguísticos.
Os desafios e interpelações que colhemos ao longo destes dias, foram imensos. Foi, sem dúvida, um Kairós, ou seja, um parar e olhar para a nossa vida vocacional, pessoal e institucional, não com um olhar derrotista, mas com um olhar de esperança, um olhar de fé, ancorados na certeza de que é o Senhor quem nos conduz e que quer continuar a contar connosco para O anunciar a todos, e principalmente aos jovens.
Os participantes do Congresso foram agraciados com uma densa e extensa mensagem do Papa Francisco, que é expressão do carinho e da estima que nutre pela Vida Consagrada, e da esperança e confiança que coloca na mesma.
Os desafios mais sublinhados por todos os intervenientes foram:
– Uma pastoral vocacional credibilizada pelo testemunho dos consagrados e “suportada” por um forte sentido eclesial.
– Uma pastoral vocacional que saiba escutar os jovens nos seus devaneios, mas também nas suas aspirações mais profundas.
– Enraizar a pastoral vocacional na pastoral juvenil, proporcionando aos jovens um verdadeiro encontro com o Senhor que ama e chama.
– Uma pastoral vocacional que saiba ter em conta a realidade concreta dos jovens, da sociedade onde estão inseridos, da sua linguagem, da sua cultura e da sua formação religiosa.
– Saber utilizar as múltiplas plataformas da comunicação onde os jovens se encontram, interagindo com eles, utilizando estas ferramentas como locais de anúncio do Evangelho da Vocação.
– Ser criativos, ousando novas formas de apresentar a proposta vocacional no que ela significa de ousadia, beleza e exigência.
– Uma pastoral vocacional aberta a todas as vocações, enquanto dom do Espírito à Igreja, sem proselitismos nem a tentação de trabalhar focados apenas no crescimento do próprio Carisma.
– Realizar este serviço de animação à Igreja e aos Carismas, com alegria, esperança e confiança, assentes na certeza de que Deus continua a chamar e de que as vocações são parte integrante do mistério da Igreja, nas suas múltiplas expressões.
– Partir para este serviço de animação conscientes de que já não estamos numa sociedade cristianizada como outrora, mas onde a matriz cristã está diluída, o que significa que o primeiro anúncio não pode ser descurado, uma vez que é condição básica ao acolhimento da Fé no Senhor Jesus e, consequentemente, do dom da vocação.
Em jeito de síntese do tanto que se viveu, deixamos, em jeito de Decálogo, alguns dos desafios apresentados por D. José Rodríguez Carballo, Secretário da Congregação para a Vida Consagrada, desafios que são fortes interpelações à vivência da nossa vocação e estímulo a desempenhar o serviço de Animadoras Vocacionais:
1 – O cuidado da Pastoral Vocacional começa com o cuidado da própria vocação. Não se pode propor o que não se vive. Sem cuidar a vocação não se pode dizer:Vinde ver.
2 – O cuidado das Vocações é inseparável do anúncio do Kerigma.
3 – Privilegiar e proporcionar aos jovens o encontro pessoal com Cristo, que ama e chama a um projeto de vida plena. Esta tem que ser a principal missão do animador: semear com confiança, sem cair numa pastoral “show” ou do entretenimento, mas uma pastoral em que Jesus Cristo é o centro, pois só Ele pode fazer discípulos.
4 – Não ter medo de fazer propostas audazes aos jovens, apresentando-lhes a “medida alta”, que os leve a configurarem-se com a estatura de Cristo.
5 – É preciso que o animador vocacional, é preciso que nós consagradas ACREDITEMOS – que acreditemos em Jesus Cristo e acreditemos nos jovens de hoje, em toda a sua generosidade e sede de Deus.
6 – É preciso viver de tal forma que a nossa vida fale do Evangelho, trabalhar para que a vida consagrada seja significativa. Apresentar os votos não como renúncia, mas como plenitude de vida humana e humanizante. Deste modo, todo o consagrado será animador vocacional.
7 – É urgente um trabalho de colaboração e de comunhão eclesial, em que o Evangelho da Vocação seja proposto como um serviço a todas as vocações.
8 – Praticar a metodologia de Emaús, ou seja, precisamos de caminhar com os jovens, provocá-los, escutá-los, interpretar as suas questões, levá-los a Jesus. Neste caminho, é essencial valorizar os Sacramentos, sobretudo a Eucaristia e a Confissão, como forma de proporcionar aos jovens condições para dar uma resposta livre e responsável.
9 – Precisamos de homens e mulheres “peritos” nos caminhos de Deus. Ir aonde estão os jovens. Ser ponte entre Quem chama e quem é chamado.
10 – Por fim, e como o primeiro serviço que podemos oferecer à causa das Vocações, temos a ORAÇÃO.
É urgente ir ao encontro dos Jovens, daqueles que estão perto e daqueles que estão longe, dos que estão nas tantas periferias que compõem o nosso mundo, sair dos nossos “ninhos”, rotinas e comodidades. Mais do que falar muito dos jovens, tenhamos a coragem de falar mais com eles e, sobretudo, de os escutar mais!
Como resultado deste Congresso e fruto dos trabalhos de grupo que se realizaram, foram elaboradas propostas e formuladas algumas questões a serem refletidas no Sínodo dos Jovens.
Conceição Vieira e Elisabete Puga – Cooperadoras da Família