Não sei de onde vinha…

Não sei de onde vinha, nem possuía ‘ferramentas’ para O entender, mas sei que tinha uma força que me impelia à dedicação aos outros. Lembro-me como se fosse hoje. À pergunta da professora primária: o que queres fazer quando fores grande, eu respondi, sem noção do que estava a dizer: ‘quero ser freira’. Resposta ainda hoje relembrada pelas colegas de escola. Um ideal que me ‘perseguiu’ durante toda a adolescência e juventude.

Concluída a escolaridade obrigatória, os meus pais colocaram-me na casa de Santa Zita de Braga, para aprender de tudo, nomeadamente a costura, para mais tarde ficar com eles. Mas como diz Khalil Gibran “Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma”, assim foi comigo. Conheci muito de perto a vida das Cooperadoras da Família. Encantava-me, a sua dedicação aos outros, a sua alegria, a sua generosa arte de ensinar tantas jovens, de acolher tão diligentemente as famílias.

Mediante a participação em retiros e outras iniciativas do mesmo teor, fui conhecendo e compreendendo melhor Jesus Cristo, a igreja, sua razão de ser e funcionamento; a vocação cristã e as diversas formas de a viver e realizar. Já a roçar a juventude, num dos retiros que fiz, recordo o quanto me calou fundo uma das conferências que versou o tema, ‘O que é ser Igreja’. Ainda hoje me lembro da convicção e do entusiasmo com que disse a mim mesma: ‘A partir de hoje, quero ser igreja e comprometer-me na igreja e com a igreja’. Consagrar-me a Deus! Um anseio que crescia no segredo do meu coração e face ao qual experienciava diferentes sentimentos: alegria, pequenez, receios, mas também desejo de partir, de arriscar!

Fiz algumas experiências de namoro, mas fui percebendo com clareza, que ‘a vocação matrimonial’, não era o sonho de Deus para mim. O desejo de ‘gastar’ a minha vida em favor dos outros conduziu-me à opção pela consagração a Deus. Aos 18 anos, em novembro de 1977 dei entrada no Instituto Secular das Cooperadoras da Família. Dedicar a minha vida à família, fazia todo o sentido, até porque vinha de uma família humilde, mas harmoniosa, na qual os valores cristãos pautavam as relações e inspiravam a ação.

A realização da missão foi acontecendo no desempenho das tarefas confiadas, no contexto das Obras do Pe Brás, mas também na inserção paroquial e diocesana, por onde fui passando. Fui trabalhadora/estudante. Estive em Roma desde 1986 a 1993, adquiri uma licenciatura em ciências da educação, com especialização na pedagogia vocacional, uma formação que muito me tem ajudado nas áreas que o Instituto me confiou para cuidar, nas últimas décadas: A Formação Inicial e Permanente e a publicação mensal do Jornal da Família, até 2015, entre outras ocupações institucionais e pastorais.

40 ano de consagração… um caminho cheio de tudo e sobretudo da graça de Deus que me vai concedendo o dom da fidelidade e alegria de O servir com simplicidade, confiança e dedicação. A vocação de Cooperadora da Família continua a dar sentido ao meu viver, cada dia, e ao meu crescer na identificação com Jesus Cristo, segundo o perfil da Cooperadora da Família, pelo que, a gratidão é um elo forte que me liga a Deus. A Ele devo tudo: a vida, tudo o que tenho e tudo o que sou; o dom da vocação concedido e a felicidade que daí deriva. Sinto que Deus continua a precisar de mim para Se dizer a muitos outros, especialmente às famílias que se cruzam na minha vida.

Mª da Conceição Gomes Vieira – Cooperadora da Família

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