Um ‘tesouro a proteger’

Editorial da edição agosto/setembro do Jornal da Família

Absorta nas densas páginas da última carta do Papa Francisco, sobre – a chamada à santidade no mundo atual – da qual emerge para os crentes, um apelo claro e profundo, à ‘limpeza do coração e da mente’, para que estes se deixem formar, iluminar e guiar pelos genuínos critérios do evangelho, num zapping pelas notícias nas redes sociais, deparei-me com este título: “um pai preso em casa violou a filha de cinco anos, ao ponto de a criança ter que ir para o hospital com ferimentos graves”. ‘Regelada’, pensei: leituras contrastantes estas, no entanto, uma pode iluminar a outra.

São situações limite, é certo, mas revelam, para além do desespero, um vazio de valores e sentimentos dignos do homem. O coração humano, desprovido de referências axiológicas, ou seja, desumanizado, é capaz das maiores ameaças à vida. Que imagem de figura paterna virá a ser será interiorizada por esta filha?; mas também que consciência de dignidade, de respeito e de filiação, se aquietavam neste coração paterno, tão desorientado, ao ponto de nem a relação filial aplacar a sua agressividade?

Mais uma situação, entre muitas, a sublinhar o pedido do Papa Francisco, que na sua intenção de oração para o mês de agosto, relacionando-a com a realização do IX Encontro Mundial das Famílias pede: “que as grandes escolhas económicas e políticas protejam a família como um tesouro da humanidade”.

A força transformadora dos valores e critérios de ação defendidos na carta, capazes de fazer desabrochar o que há de mais sublime e digno no coração humano, reafirmam que o valor da pessoa humana, a sua dignidade, a sua conduta irrepreensível e o cuidado pelo bem comum, são valores que necessitam ser resgatados e valorizados na formação das jovens gerações. Este mesmo pedido encontra-se também no Instrumentum Laboris do Sínodo dos Bispos para os Jovens: “Refletir sobre os caminhos de preparação para o matrimónio e acompanhar os casais jovens parecem ser os dois pontos estratégicos nos quais investir as energias pastorais” (IL, nº101).

A paternidade e a maternidade constituem uma missão tão nobre quanto delicada, porque delas dependem o desenvolvimento saudável harmonioso dos filhos. O ser pai e mãe, ‘aprende-se’, experiencia-se e testemunham-se e só esta dinâmica ajudará a cuidar e a ‘proteger a família enquanto tesouro da humanidade’.

Vieira Maria

Partilhar:

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn
Relacionado

Outras Notícias

Basílica de São Paulo fora dos Muros

É das mais importantes e imponentes basílicas papais e faz memória daquele que terá sido o primeiro grande missionário da Igreja. Cristiano Cirillo faz-nos uma visita guiada à Basílica de São Paulo fora dos Muros.

Ler Mais >>

É um dia belo o Dia-do-Pai com vistas para Deus

“Salta à vista que celebrar o pai é reunir a família, pais e filhos, avôs e netos, e avivar o mistério da vida e do amor, da paz, do pão, do vinho e da alegria, pautas novas que tanta falta fazem ao nosso mundo indiferente, violento e salitrado, em que muitas vezes não se vê nenhum céu azul ou estrelado” (Comissão Episcopal do Laicado e Família)

Ler Mais >>

25 anos de missão em Cabinda

O bispo da diocese de Cabinda agradece missão das Cooperadoras da Família ao longo de 25 anos nesta diocese angolana e chama “grande obra” ao Complexo Escolar Brazita, no Bairro do Mbuco, que acolhe mais de 900 alunos.

Ler Mais >>

Refletir a “Família” em família

Os núcleos MLC (Movimento por um Lar Cristão) de Portalegre e Lisboa levaram a cabo dois retiros para famílias. O objetivo foi refletir a “Família” em família com a ajuda de dois orientadores com vasta experiência académica e teológica na área da pastoral familiar.

Ler Mais >>