Celebração de «diferentes Natais» convoca à «redescoberta» do Presépio

Padre Amaro Gonçalo explica dinâmica da Diocese do Porto para uma melhor preparação do nascimento de Jesus.

O Natal precisa de ser contado às gerações mais novas que não olham com o mesmo significado para o presépio, defende o padre Amaro Gonçalo, da Diocese do Porto.

“Para as crianças não é óbvio quem está no presépio. Uma criança perceber, hoje, que um presépio celebra e convoca para a incarnação, é algo que muitos já desconhecem por inteiro. Precisamos de fazer o símbolo falar a partir da sua significação original, caso contrário corremos o risco de que os próprios sinais não passem de exteriores”, afirma o sacerdote da paróquia da Senhora da Hora, em Matosinhos, que esteve envolvido na proposta da Advento proposta às comunidades católicas da Diocese do Porto.

A Igreja Católica determina que até à celebração do Natal, a 24 de dezembro, os católicos possam viver um caminho de preparação, denominado de Advento, para “libertar o Natal do risco da banalidade”.

“Celebra-se o Natal, mas celebram-se diferentes Natais. O Natal chega em novembro, no dia 5 de novembro já havia um presépio no Norteshopping”, conta o padre Amaro Gonçalo.

O membro do Conselho Pastoral Diocesano do Porto sublinha que a troca de presentes é uma “forma de encontro, e muito bela”, mas, indica, “seria bom perceber” que o encontro é provocado por alguém que quer ir ao “encontro de cada um”.

“Se percebermos que o Natal é a festa do encontro, mesmo que esse encontro depois se traduza não apenas na missa do galo mas também na ceia, em família, nas visitas aos pobres, nas visitas aos doentes, aos sós, se percebermos que a força motriz, esta revolução da ternura que o Natal inspira foi iniciada com o presépio, então estamos a dar uma significação cristã a um símbolo que se tornou comercial e corre o risco de cair no banal”.

O sacerdote da paróquia da Senhora da Hora, em Matosinhos, deixa a sugestão de envolver diversas instituições na elaboração do presépio porque acredita que os encontros rotineiros podem ser desencadeadores de momentos de missão.

“É nos lugares da nossa vida e da nossa cidade que encontramos pessoas que precisam deste anúncio, desta proposta e de descobrir a presença de Deus que já está neles. A missão hoje é também intergentes, não é só ad gentes, ou seja, em diálogo com os valores culturais, com os sinais e sementes da presença de Deus que estão ocultas, quase impercetíveis que nos cabe ajudar a descobrir”, observa.

O sacerdote deixa o alerta para que o Natal possa acontecer: “Abeirar do presépio, deixarmo-nos acariciar e comover, deixarmo-nos encontrar por aquele que vem ao nosso encontro, e aí brota uma alegria diferente”.

“No afã de queremos ser nós a fazer o Natal, perdemos a alegria: a obsessão das compras, a preocupação das deslocações, não saber como acomodar as pessoas, como contentar as pessoas que recebemos, não saber como redistribuir o que podemos… isto é desgastante”, assinala.

O padre Amaro deixa a sugestão de gestos simples, para preparar o Natal durante as próximas semanas.

“Que cheguem ao dia de Natal e tenham na memória um encontro com aquela pessoa, com quem tiveram um tempo mais longo, a quem deram a possibilidade de desabafar e contar histórias, contar histórias de Natais que agora não têm”.

Outro gesto simples é de parar junto ao presépio: “Construímos um presépio em casa, na rua, na igreja, e quanto tempo paramos diante dele? Fica como um pano de fundo ou é um lugar de encontro?”

A campanha de Natal da diocese do Porto, «Presépio, Lugar de encontro para todos», está disponível online.

Fonte: Agência Ecclesia

Partilhar:

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn
Relacionado

Outras Notícias

Basílica de São Paulo fora dos Muros

É das mais importantes e imponentes basílicas papais e faz memória daquele que terá sido o primeiro grande missionário da Igreja. Cristiano Cirillo faz-nos uma visita guiada à Basílica de São Paulo fora dos Muros.

Ler Mais >>

É um dia belo o Dia-do-Pai com vistas para Deus

“Salta à vista que celebrar o pai é reunir a família, pais e filhos, avôs e netos, e avivar o mistério da vida e do amor, da paz, do pão, do vinho e da alegria, pautas novas que tanta falta fazem ao nosso mundo indiferente, violento e salitrado, em que muitas vezes não se vê nenhum céu azul ou estrelado” (Comissão Episcopal do Laicado e Família)

Ler Mais >>

25 anos de missão em Cabinda

O bispo da diocese de Cabinda agradece missão das Cooperadoras da Família ao longo de 25 anos nesta diocese angolana e chama “grande obra” ao Complexo Escolar Brazita, no Bairro do Mbuco, que acolhe mais de 900 alunos.

Ler Mais >>

Refletir a “Família” em família

Os núcleos MLC (Movimento por um Lar Cristão) de Portalegre e Lisboa levaram a cabo dois retiros para famílias. O objetivo foi refletir a “Família” em família com a ajuda de dois orientadores com vasta experiência académica e teológica na área da pastoral familiar.

Ler Mais >>