Governar ou ‘governar-se’?

O editorial do mês de dezembro do Jornal da Família.

Sem querer afirmar que todos os políticos são iguais no modo como exercem o poder, a verdade é que, o que os nossos olhos observam e os nossos ouvidos ouvem, todos os dias através dos meios de comunicação, revelam-nos alguma ausência de ética no seu agir. Como afirma Aristóteles, “a função central da política é atender aos interesses dos cidadãos, devendo o interesse de todos ser a prioridade nas decisões tomadas pelo governo”.

‘Governar-se’ em vez de governar, é um agir que infelizmente vai ganhando ‘generoso terreno’, quer a nível do poder central, quer do local. Ao ‘favorecerem-se’ pessoas, empresas, zonas geográficas e ao pactuar com outras ilegalidades, geram-se assimetrias, desigualdade de oportunidades e injustiças.

Basta fazer memória das inúmeras tragédias que se têm abatido sobre nós, mencionando apenas as últimas: o caso de Borba, os desvios de verbas orientadas ao melhoramento dos equipamentos escolares, as situações de pobreza que ainda atingem tantas famílias portuguesas, das quais é emblemática aquela família encontrada morta em Sabrosa, o desequilíbrio da situação financeira dos bancos, etc.

‘Governar-se’ à custa de cargos políticos é desonesto. Atropela a ética e deixa no abandono as necessidades básicas e a segurança das populações que vivem em zonas menos favoráveis, entregues à sua sorte e à voracidade dos lucros e do dinheiro fácil procurado por muitos.

Este cenário, que muito nos envergonha, dá-nos a imagem de um portugal fortemente assimétrico, diz-nos que se torna urgente e necessário devolver ao agir político a ética e a moral e reclama um sério e honesto combate à corrupção, que se vai alastrando aos vários setores da sociedade. 

No mistério do Natal, pode aprender-se a humanização do agir humano e político e o sentido da inclusão. Contrariando todos os sistemas políticos e expetativas religiosas, o Deus Menino, nasceu pobremente e com a Sua vida e ação ensinou-nos o verdadeiro sentido do poder, um poder transformado em solicitude e serviço para com todos, nomeadamente os mais desfavorecidos e excluídos da sociedade.

Vieira Maria

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