A passagem do Evangelho de São Lucas «Maria levantou-se e partiu apressadamente» (Lc 1,39) é o lema da edição das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) a realizar em Lisboa em 2022.
O anúncio foi feito, hoje, pelo Papa Francisco no final do XI Fórum Internacional da Juventude dedicado ao Sínodo e à Exortação Apostólica ‘Cristo Vive’, que decorreu no Vaticano de 19 a 22 de junho.
Na ocasião, o Papa anunciou o itinerário dos três anos das JMJ até 2022 que culminarão com a celebração internacional em Lisboa.
Em 2020, a JMJ vivida e nível diocesano, terá por tema ‘Jovem, eu te digo, levanta-te!’ (Lc 7, 14) e em 2021, também vivida a nível diocesano, “Levanta-te! Eu te constituo testemunha do que viste!” (At 26, 16).
Francisco quer que estes temas promovam uma “harmonia” entre o itinerário para a JMJ 2022 e o caminho da Igreja Católica após o Sínodo dedicado às novas gerações (outubro de 2018). “Desejo que haja uma grande sintonia entre o itinerário para a JMJ de Lisboa e o caminho pós-sinodal. Não ignorem a voz de Deus, que impele a levantar e seguir os caminhos que Ele preparou para vocês. Como Maria, e junto com ela, sejam portadores da sua alegria e do seu amor, todos os dias”.
Convocar para ação
Para o cardeal-patriarca de Lisboa o tema escolhido pelo Papa convoca à ação, mais que a uma atitude de observação. “Muitos somos mais espectadores do que atores e evangelicamente não pode ser assim, por isso a escolha do Papa sobre este tema. Ficamos muito contentes com isto”, referiu D. Manuel Clemente à Agência Ecclesia.
‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’ foca a “prontidão de Maria”, refere D. Manuel, “a prontidão que nós devemos ter e os jovens, em particular, estão disponíveis para ter, têm a vida toda à frente para ir ao encontro dos outros, e fazerem da sua vida algo muito bonito, não só para si, mas para os outros”, sustentou o cardeal-patriarca de Lisboa.
“A palavra de ordem para qualquer dos anos é sempre o ‘Levanta-te’. É muito importante passarmos de meros espetadores envolvidos diretamente na aventura evangélica. E os jovens estão particularmente disponíveis para isso”, assinala o cardeal-patriarca impulsionando para que as “realidade juvenis católicas ganhem mais sentido de missão”.
Conhecido o tema, o cardeal-patriarca indica a preparação a fazer até 2022, quer na reflexão do tema como na preparação logística, sem precedentes em Portugal, e que envolverá as dioceses portuguesas e outras de fora do país.
“A última semana é em Lisboa, mas tudo o que a precede, as pré-jornadas, são em todas as dioceses do continente e ilhas, e até fora do país, as que nos são mais próximas da vizinha Espanha e os PALOP”, adianta D. Manuel Clemente.
Logo e hino a caminho
Para D. Américo Aguiar, coordenador-geral do Comité Organizador Local (COL) da Jornada Mundial da Juventude, o tema escolhido pelo Papa é uma indicação “fundamental” para o trabalho a realizar. “Muito em breve”, adianta D. Américo Aguiar, o COL vai abrir “os concursos do logo e do próprio hino da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa”, que se perspetivam como “particularmente importantes e interessantes, até para dinamizar a juventude em volta deste desafio”, refere em entrevista à Agencia Ecclesia.
Para D. Américo Aguiar, o tema escolhido pelo Papa inspira “a urgência de ir ao encontro do outro e a urgência do cuidado pelo planeta” e lembra a preocupação constante que o Papa Francisco tem tido com a questão ambiental bem patente na Encíclica ‘Laudato Si’. “A questão ambiental, que estava tão esquecida, foi o próprio Papa que a colocou no ‘prime-time’ das preocupações mundiais. A juventude acolheu com muito carinho essa audiência e toma como sua essa mensagem, de cuidado pela casa comum”.
D. Américo Aguiar mostra a sua convicção de que a JMJ de Lisboa, a primeira em solo português, “terá de ser, obrigatoriamente, significativa e exemplar no que diz respeito ao cuidado pela casa comum e a sinais muito significativos, da parte dessas centenas de milhares de jovens”.
Desafio evangelizador
Para D. Joaquim Mendes, responsável pela área pastoral da JMJ, o Papa propôs “três desafios grandes” para colocar os jovens “em ação evangelizadora”. O bispo auxiliar de Lisboa considera que o tema “é um grande desafio para os jovens evangelizadores”, uma vez que como Maria são chamados a sair e a irem “ao encontro de quem precisa, a serem portadores também de Jesus” e levá-Lo aos outros “através do seu testemunho”.
O Dicastério para os Leigos, a Família e Vida, organismo da Santa Sé que acompanha a Pastoral Juvenil, considera os temas escolhidos pelo Papa para as JMJ 2020-2022 um “convite aos jovens a ‘levantar-se’, a apressar-se para viver o chamamento do Senhor e para anunciar a boa notícia, assim como Maria o fez depois de ter pronunciado o seu ‘aqui estou’. O verbo ‘levantar-se’ no texto original de São Lucas tem também o significado de ‘ressuscitar’, ‘acordar para vida’”.
Foi no dia 27 de janeiro, no final da JMJ do Panamá, que o Papa Francisco anunciou que a próxima edição da JMJ seria em Lisboa em 2022.
Fonte: Agência Ecclesia