Um pai e uma filha, com menos de dois anos, morreram afogados no Rio Grande, que faz fronteira entre os Estados Unidos e o México, na noite de domingo para segunda-feira.
A imagem da filha com um braço à volta do ombro do pai, nas margens do rio, ambos de barriga para baixo, está a chocar o mundo. Mostra, mais uma vez, os riscos dos migrantes para chegarem, neste caso, aos Estados Unidos.
Segundo uma jornalista mexicana que acompanhou o caso, Oscar Alberto Martínez, natural de El Salavador, já tinha atravessado o rio com a sua filha de 23 meses, deixando-a na margem americana, quando começou a regressar para ir buscar a mulher, Tania.
Ao ver o pai a afastar-se, a menina Angie Valeria correu de novo para a água. O pai foi tentar resgatá-la, mas ambos foram levados pela corrente e morreram, à vista de Tania, que nada pôde fazer para os salvar.
Os corpos foram encontrados na segunda-feira, perto de Matamoros, no México.
Com a divulgação das imagens sucedem-se as manifestações de revolta e de tristeza.
O porta-voz do Vaticano, Alessandro Gisotti, confirmou que o Papa viu “com imensa tristeza” a imagem do imigrante salvadorenho e da sua filha, afogados no Rio Grande afirmando que Francisco “reza por eles e por todos os imigrantes que perderam a vida, tentando escapar da guerra e da miséria”.
Hoje, na habitual audiência pública, na Praça de São Pedro Francisco deixadou um pedido a todos os católicos: “Peçamos ao Espírito Santo para que as nossas comunidades sejam acolhedoras, sejam solidárias, vivendo a Liturgia, como encontro com Deus e com os irmãos”.
A imagem está, naturalmente, a evocar comparações com a fotografia do pequeno menino sírio Alan Kurdi, de três anos, que foi encontrado morto numa praia turca no auge da crise dos refugiados no Mediterrâneo, em setembro de 2015.