A Igreja celebra este ano o mês dedicado às missões em contexto de pandemia. Tempos que desafiam a missão da Igreja ”que é interpelada pela “ doença, a tribulação, o medo, o isolamento”. As palavras são do Papa Francisco na mensagem para o Dia Mundial das Missões, que a Igreja assinala a 18 de outubro.
Num texto intitulado “Eis-me aqui, envia-me” Francisco lança as interpelações provocadas por estes tempos. “Interpela-nos a pobreza de quem morre sozinho, de quem está abandonado a si mesmo, de quem perde o emprego e o salário, de quem não tem abrigo e comida”, escreve Francisco. Em tempos marcados pelo isolamento “somos convidados a redescobrir que precisamos das relações sociais e também da relação comunitária com Deus” e “esta condição deveria tornar-nos mais atentos à nossa maneira de nos relacionarmos com os outros”.
É neste sentido que o chamamento à missão “aparece como oportunidade de partilha, serviço, intercessão” e “a missão que Deus confia a cada um faz passar do «eu» medroso e fechado ao «eu» resoluto e renovado pelo dom de si”.
Francisco continua a desejar uma “Igreja em saída” e “a missão é resposta, livre e consciente, ao chamamento de Deus” mas só pode ser sentida quando se vive “numa relação pessoal de amor com Jesus vivo na sua Igreja”.
Igreja portuguesa apela à fraternidade universal
Seguindo as linhas traçadas pelo Papa Francisco nesta mensagem, também a Igreja Católica em Portugal coloca no centro da celebração do outubro missionário os desafios gerados pela pandemia.
“Olhando o mundo, os países e povos aflitos, pode-se sonhar com um terreno mais apto à fraternidade universal: todos irmanados nos mesmos limites e fragilidades, esperamos que sejam também importantes e indispensáveis”, escreve D. Armando Esteves Domingues, presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização, na introdução ao guião que orienta esta iniciativa, nas comunidades católicas.
“Onde o Evangelho já se faz cultura, sonha-se com respostas globais: na educação – o Papa fala de um pacto educativo global -, na saúde – em que uma vacina e a sua distribuição dê prioridade aos mais frágeis -, na “casa comum”, na globalização da fraternidade”, acrescenta.
O bispo auxiliar do Porto recorda o “silêncio incómodo e doloroso” do confinamento, por causa da pandemia, e fala na necessidade de uma Igreja capaz de “sair até às periferias” e de abandonar o cómodo critério do “sempre se fez assim”, que deixe de lado a “ilusão das facilidades e das fantasias enganosas de sucesso”.
O Guião Missionário 2020/2021 apresenta, nas suas sugestões, uma reflexão sobre economia e ecologia, a partir do pensamento do Papa. “Pensar na origem do que consumimos diariamente, na relação com os companheiros de missão e comunidade que integramos, como integramos todo este estilo de vida nas atividades pastorais são algumas das dimensões a ter em conta, quando se quer experimentar vida e missão integradas”, pode ler-se.
O presidente dos Institutos Missionários Ad Gentes (IMAG), padre Adelino Ascenso, assina uma mensagem neste documento em que apela ao diálogo “existencial” e “experiencial”, nos contactos com pessoas de diferentes religiões, promovendo “uma práxis comum em vista à construção de um mundo mais justo, mais pacífico e mais humano”.
ISCF/Agência Ecclesia