Finanças do casal

A gestão da vida financeira do casal requer “a sabedoria do equilíbrio”, afirma Furtado Fernandes no artigo da edição de junho do Jornal da Família.

Este é um tema que, indiscutivelmente, merece ser ponderado num contexto de imprevisibilidade crescente que torna, muitas vezes, a antecipação do futuro numa prática de “adivinhação”.

A vida financeira dos casais tem, geralmente, “altos e baixos”, o que recomenda a constituição, na medida do possível, de reservas que possam mitigar tal turbulência.

Este é um processo que requer a sabedoria do equilíbrio, sendo de evitar quer a obsessão de “ganhar dinheiro”, quer uma atitude displicente do tipo “chapa ganha, chapa gasta”.

É necessário atribuir ao dinheiro o seu papel, não esquecendo, contudo, que ele é um meio e não um fim.

Este é o princípio fundamental que deve pautar as nossas vidas, importa não pertencer ao contingente dos “alcoolizados pelo trabalho”. Precisamos de tempo para Deus, para a família, para as atividades sócio caritativas e para a cultura, entre outros domínios que poderiam ser citados.

Quando subalternizamos a nossa vida pessoal à profissional, estamos a criar condições para o surgimento de tensões conjugais, daí que por vezes se oiça dizer: “afinal casaste-te com o trabalho e não comigo!”.

Nestes casos é habitual criar-se, entre os membros do casal, uma relação de “deve e haver”, decorrente, amiúde, de não ser valorizado o trabalho executado em meio doméstico.

Dito isto, vejamos algumas anotações que devem ser consideradas a propósito de  uma gestão sustentável das finanças do casal.

Como é de bom critério, temos de sopesar as realidades do tempo em que vivemos. Para tomarmos decisões sensatas, é preciso “termos os pés bem assentes na terra”. Vejamos o que, para este efeito, deve ser assinalado:

  • Vulnerabilidade dos vínculos laborais – não é realista, em muitas situações, alimentar expectativas de ter “um emprego para a vida”. As relações de trabalho estão a ser marcadas, crescentemente, pela precariedade, o que pode aumentar o risco de desemprego ou a necessidade de substituir um trabalho mais bem pago por outro pior remunerado;
  • O aumento da idade da reforma, sendo que a sua antecipação é cada vez mais agravada com “cortes”;
  • A diminuição da primeira pensão recebida face ao último salário pago – o decréscimo, portanto, da chamada “taxa de substituição”.

Ora, face a este quadro, é adequado definir orientações que possam contribuir para a tal gestão sustentável das finanças do casal; o que implica, como se compreende, não cair na tentação do imediatismo, verbalizado em expressões do tipo e “depois logo se vê”. É o que vulgarmente se chama “viver acima das possibilidades”.

De modo a não cairmos neste logro, alguns destaques merecem ser feitos:

  • Resistir à armadilha do consumismo, antes de comprar pensar se realmente estamos a adquirir algo que vai ter préstimo. A publicidade, muitas vezes, ao apelar para as emoções, provoca a “compra por impulso”;
  • Gastar, sendo possível, menos do que se ganha, única forma de poupar que, como sabemos, é a reserva com que contamos para encararmos o futuro com  mais segurança;
  • Ter, como princípio, não recorrer ao crédito para o consumo que é onerado, sempre, com taxas de juro exorbitantes, face às praticadas na aquisição de outros tipos de bens, como seja o imobiliário;
  • Praticar aquilo a que os economistas chamam “orçamento base zero”, isto é, verificar se as despesas que foram feitas anteriormente ainda têm justificação – não podemos continuar a gastar por inércia.

Furtado Fernandes

j.furtado.fernandes@sapo.pt

Artigo da edição de junho do Jornal da Família

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