“O Padre é o homem da caridade, que passa a vida a dar:
dar Deus à inteligência e ao coração dos homens, dar os homens a Deus, e dar-se a si próprio”
(Pe Brás)
Desde tenra idade, Monsenhor Joaquim Alves Brás demonstrou ser um apaixonado por Deus. É certo que com o testemunho do pai e o ensinamento de sua mãe que, segundo ele, foi a melhor catequista que teve, não surpreende ser para Deus o caminho que viria a seguir, até porque não foi o único que o fez. Ele, o irmão e a irmã, optaram por escolher seguir uma vida inteiramente ao serviço de Deus.
Talvez também, por causa de ser alguém fisicamente franzino, terá feito dele uma pessoa mais introspetiva, o que lhe permitiu desde muito cedo experienciar uma dedicação plena a Deus, sem grandes distrações com futilidades da vida.
Todo o seu caminhar até ao sacerdócio destacou-se um pouco do dos seus companheiros. Pois enquanto eles dedicavam o tempo livre a jogar à bola e passear, Monsenhor, devido à sua coxalgia e seus princípios, dedicava-o a servir e a ajudar os mais necessitados.
Vejo a sua coxalgia como uma estratégia de Deus para fazer deste homem um ser incansável. Perante toda a maturidade que a vida lhe concedeu, Joaquim Alves Brás, não tinha dúvidas de qual era a sua missão. Ser sacerdote nem que fosse só por um dia, para poder celebrar a Eucaristia.
Para ele, era tão certo ser de Deus como é para nós o respirar. Não era com dificuldades que o fazia, antes pelo contrário, para ele “podia nem haver céu para o recompensar, nem inferno para o castigar”, seguiria sempre a sua vocação, porque lhe dava uma identidade, de se sentir não só por direito, como também por dever, um outro Cristo.
Monsenhor era de tal modo fiel à sua caminhada que dizia: “se o exemplo da minha vida, das minhas obras, da minha conduta, for um destemido formal à minha ação sacerdotal, posso pregar, posso passar horas no confessionário, posso sair do altar com fervor aparente…. E tudo fica sem fruto…” e a prova que de facto ele foi um exemplo vivo, é não só todo o fruto que ainda hoje se colhe, como também toda a sementeira que se germina para lá das fronteiras portuguesas.
Era tão determinado, firme e frontal que por mais que as suas palavras possam ‘melindrar’ os nossos corações, o seu amor, ao exemplo do amor de Deus por nós, é reconfortante.
A sua entrega a Deus, a sua maturidade como cristão, o seu amor à vinha que Deus lhe marcou foi tão bem cultivado que ainda hoje o solo é rico e fecundo.
O jornal do Fundão noticiou no ano de sua morte e no dia de seu aniversário, 19 de março de 1966: “pode dizer-se que a sua vida foi inteiramente consagrada ao serviço de Deus e do próximo”.
A fé deste homem é tão grande que mesmo sem nunca o conhecer, pessoalmente, ele toca-me, cativa-me, desafia-me e chama-nos a anexar a nossa vinha à dele para que Deus faça de nós um solo fértil.
Joana Amaral – Formanda no ISCF