A Igreja celebra a 25 de julho o I Dia Mundial dos Avós e dos Idosos. Na mensagem publicada para assinalar a data, o Papa Francisco recorda a dureza dos tempo pandémicos na vida destas pessoas.
“Muitíssimos de nós adoeceram – e muitos partiram –, viram apagar-se a vida do seu cônjuge ou dos próprios entes queridos, e tantos – demasiados – viram-se forçados à solidão por um tempo muito longo, isolados”, escreve Francisco.
O Papa dirige-se aos idosos como pares e trata-os por tu. Também ele, com os seus 84 anos, se inclui neste grupo. Numa mensagem que tem como título “Eu estou contigo todos os dias” (cf. Mt28,20) o Papa assegura que “toda a Igreja está solidária contigo – ou melhor, connosco –, preocupa-se contigo, ama-te e não quer deixar-te abandonado”.
Francisco recorda as dificuldades de São Joaquim, e da sua esposa Ana, os pais de Maria, mãe de Jesus, a quem é enviado um anjo. Também “nestes meses de pandemia o Senhor continua a enviar anjos para consolar a nossa solidão”. O Papa refere que esse anjo “algumas vezes, terá o rosto dos nossos netos; outras vezes, dos familiares, dos amigos de longa data ou conhecidos”.
Francisco recorda a importância dos “abraços e visitas” nestes tempos de pandemia e manifesta tristeza por não “serem ainda possíveis em alguns lugares”.
Para Francisco a vocação dos avós e dos idosos “é salvaguardar as raízes, transmitir a fé aos jovens e cuidar dos pequeninos”. Para o Papa “não existe uma idade para aposentar-se da tarefa de anunciar o Evangelho, da tarefa de transmitir as tradições aos netos”.
Voltando à pandemia, e reafirmando que desta crise “não sairemos iguais: sairemos melhores ou piores”, Francisco defende que “todos devemos ser «parte ativa na reabilitação e apoio das sociedades feridas»” e convoca os idosos para “construir, na fraternidade e na amizade social, o mundo de amanhã”. Uma construção que deverá ser feita através de três pilares: “os sonhos, a memóriae a oração”.
O Papa recorda o profeta Joel quando pronunciou a promessa «Os vossos anciãos terão sonhos e os jovens terão visões» (3, 1). “Nos nossos sonhos de justiça, de paz, de solidariedade reside a possibilidade de os nossos jovens terem novas visões e, juntos, construirmos o futuro”, afirma o Papa.
E os sonhos estão “entrelaçados com a memória. As novas gerações podem “aprender o respeito do valor da paz” através da “memória dolorosa da guerra” vivida pelos mais velhos, descreve Francisco que recorda também os que tiveram que emigrar e a dureza de deixar a própria casa. “Esta memória pode ajudar a construir um mundo mais humano, mais acolhedor. Mas, sem a memória, não se pode construir; sem alicerces, tu nunca construirás uma casa. Nunca. E os alicerces da vida estão na memória”, refere o Papa.
Por fim a oração dos idosos “é um recurso preciosíssimo: é um pulmão de que não se podem privar a Igreja e o mundo”, afirma Francisco ao citar a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Em tempo de pandemia “a tua intercessão pelo mundo e pela Igreja não é vã, mas indica a todos a serena confiança de um porto seguro”, conclui o Papa Francisco.
Francisco anunciou a instituição do “Dia Mundial dos Avós e dos Idosos” em janeiro deste ano. Decorrerá anualmente no quarto domingo de julho, junto à celebração litúrgica de São Joaquim e Santa Ana (26 de julho).
IM