Páscoa Fonseca partiu para a missão de Cabinda em janeiro de 2020. Dois meses depois o mundo parou. As crianças deixaram a escola e pararam as atividades pastorais, mas a missão de Páscoa e de outras duas Cooperadoras da Família ganhou novos contornos.
A pandemia estava às portas do mundo mas longe de se imaginar que chegaria de forma tão intensa, capaz de o fazer parar. Nos finais de 2019 Páscoa fez as malas e no início de 2020 partiu, juntamente com a Cooperadora Carla Mão de Ferro, para a missão que o Instituto Secular das Cooperadoras da Família (ISCF) desenvolve em Cabinda, Angola.
A Escola Brasita, com mais de 700 alunos, da 1ª à 9ª classe, esperava por elas para o arranque de mais um ano letivo, bem como todas as atividades pastorais que as Cooperadoras aí desenvolvem a nível paroquial e diocesano.
Mas mal o ano letivo arrancou, em fevereiro de 2020, o Sars-Cov-2 espalhou-se pelo mundo e em março seguinte começou um longo confinamento para Páscoa e Carla, acabadas de chegar a Angola.
Mas a missão destas Cooperadoras que se juntaram à Cooperadora Filomena Morais, há vários anos na missão de Cabinda, não esteve confinada. “Foi um momento para recolhermos, para aprofundarmos o conhecimento pessoal e com Deus, para aprendermos a viver em comunidade”, conta Maria Páscoa Fonseca ao Jornal da Família. “As dificuldades só nos aproximam daqueles a quem consagramos a nossa vida”, acrescenta esta Cooperadora aquando da sua passagem por Portugal.
Foi tempo de dar mais atenção à quinta onde proliferam ananases, papaias, mangas, abacates ou legumes e onde foi possível respirar melhor do que as pessoas que habitam em blocos de apartamentos nas grandes cidades.
A missa chegava através da Rádio Ecclesia mas as falhas de eletricidade nem sempre o permitiam e havia que dar azo à imaginação . “Um domingo, lá nos lembramos de ligar o carro para ouvir a missa na rádio do carro”, conta Páscoa Fonseca.
As crianças é que foram muito afetadas. Estiveram um ano sem aulas e por estas terras não se sabe o significado do ensino à distância. “Há professores que nem sabem mexer num computador”, afirma Páscoa Fonseca.
Aspeto positivo, as crianças foram ganhando hábitos de higiene. Criou-se o hábito de lavar e desinfetar as mãos e as próprias Cooperadoras produziram algumas máscaras de pano. As aulas retomaram em fevereiro/março de 2021. Os alunos passaram de ano mas a falta de apoio não lhes permitiu adquirir conhecimentos.
“A educação é um lugar privilegiado da evangelização”, afirma a Cooperadora Páscoa que gostaria que a missão tivesse uma escola profissional que abrangesse os mais velhos. “Gostaríamos que os alunos saíssem daqui preparados de uma forma integral: espiritual e profissionalmente, com uma ferramenta nas mãos para ganhar o seu pão”. Mas para tal precisam de mais gente que possa “partilhar” as suas vidas e a sua missão.
Agora que se tenta retomar a normalidade, as Cooperadoras pretendem voltar à sua ação pastoral, quer na catequese, quer na formação de pais, quer no trabalho com as famílias. Muitas já têm a vida organizada com filhos mas querem ter a bênção da Igreja.
A família continua a ser o foco da ação das Cooperadoras num território onde a poligamia é considerada normal e onde a mulher continua a ser um pilar fundamental e a ter um pesado peso no sustento da família. É também para a mulher que se dirige a missão do ISCF em Cabinda.
Artigo da edição de outubro de 2021 do Jornal da Família