A Jornada Nacional da Pastoral Familiar (13 de novembro) obedeceu este ano a uma metodologia diferente. Participei nela como representante do Instituto Secular das Cooperadoras da Família (ISCF) num evento que juntou representantes da pastoral familiar das dioceses, movimentos e institutos ligados à família. Não fomos com uma missão passiva de nos sentarmos para ouvirmos conferencistas, mas sim para intervirmos e, em caminhada sinodal, trabalharmos juntos, refletirmos juntos.
O tema da jornada “Família sujeito de Evangelização”, inspirado no ponto 200 da Amoris Laetitia, congregou cerca de 70 participantes que durante um dia fizeram uma caminhada sinodal, um caminhar juntos, pelos problemas, pelos desafios e pela busca de novos métodos de atuação e adequação às múltipla realidades familiares.
Entre trabalhos de grupo e sessões plenárias lá fomos identificando as principais dificuldades que se colocam a quem trabalha na pastoral familiar: as novas estruturas familiares, a saída da zona de conforto e ir ao encontro do outro e a reduzida adesão das famílias ao percurso de iniciação cristã.
Paralelamente, identificaram-se os desafios que a pastoral familiar, movimentos e instituições católicas enfrentam perante a atual realidade familiar. Falou-se de uma pastoral sinodal, de um caminhar conjunto, abandonando o trabalho em setores estanques. A intervenção na família terá de envolver várias pastorais tais como a catequética ou da juventude. Por outro lado falou-se numa pastoral intergeracional, que “não deixe ninguém para trás”, e numa pastoral de relação que vá mais além dos momentos celebrativos.
E como transformar dificuldades e desafios em oportunidades? Há que pegar no tema da jornada e apostar numa pastoral para a família e com a família. Há que respeitar as diferenças, as opções do outro. Há que criar conteúdos atrativos aproveitando as potencialidades das plataformas digitais.
Por entre dificuldades, desafios e oportunidades falou-se de comunhão, da necessidade de criar relações, de estar em relacionamento, em integração. Falou-se da necessidade de todas as paróquias terem a sua estrutura de pastoral familiar, redes de agendes de pastoral familiar que incluam outras pastorais, num trabalho que se baseie num método sinodal e participativo.
No final ficou o desafio de se fazer este tipo de encontro com famílias que não estejam ligadas às estruturas diocesanas ou de movimentos, para que também elas possam experienciar esta caminhada sinodal.
Os trabalhos, que decorreram no Seminários de Leiria e foram dinamizados pelo padre dehoniano Ricardo Freire, contaram também com a presença de D. Joaquim Mendes. Para o presidente da Comissão Episcopal Laicado e Família a Igreja possui já muitos documentos sobre esta temática mas agora é necessário “passar à prática”.
Cabe-nos agora a nós, participantes na jornada, dar o nosso contributo para que as indicações da Igreja Católica em relação à família sejam postas em práticas e de uma forma sinodal.
Deolinda Araújo – Cooperadora da Família
Artigo da edição de dezembro do Jornal da Família