Nazaré Soares com utentes da Obra de Santa Zita - Porto

“Sou Cooperadora” com Nazaré Soares

Nasceu e cresceu numa família rodeada de amor e daqui partiu para uma longa caminhada. O testemunho vocacional de Maria de Nazaré Soares.

No seio de uma família, a vocação aconteceu/acontece, quase sem dar conta! Parece um clique, mas não é! É antes de mais a soma de vários cliques transformados num só toque. Aquele toque que me fez dar um salto e abrir horizontes para outras realidades. Descobrir que a felicidade não se reduz a um casamento, projeto que até então era o único horizonte, foi um começo. Tudo aconteceu no decorrer de uma história.

Esta descoberta iniciou num retiro de jovens na Casa de Santa Zita de Braga, quando acompanhava uma prima mais velha, tinha entre os 14 e 15 anos de idade. A minha missão era fazer-lhe companhia, pensava eu! Mas sem saber, foi bem mais do que isso!… Acredito que a origem está aqui.

Outras experiências feitas a seguir para clarificar interrogações e desejos, que iam emergindo, eram indispensáveis para perceber melhor. Não sei bem explicar por palavras o que foram estes momentos, só sei que comecei a sentir o desejo de conhecer melhor aquele Jesus que as catequistas apresentavam como bom.

Tinha nascido em 1974, numa tão pequenina aldeia chamada Seramil, pertencente ao concelho de Amares e distrito de Braga, era a segunda filha, de 6 irmãos. Aqui fui amada e amei como filha, como irmã, como neta.

Era assim a minha família! Uns pais interessados no melhor bem, a todos os níveis, dos seus filhos. Entre tantas experiências, agora percebo que aquelas em que recebia um não, quando pensava que o sim deveria ser a melhor resposta, ajudaram-me a ser o que sou hoje: cooperadora da família, consagrada secular no meio do mundo…

Aos 18 anos de idade, poucos meses antes de integrar este Instituto, fui com o meu pai ao padre da nossa paróquia, pedir um certificado de baptizada e uma carta com informações! Registo uma frase do meu pai durante a conversa, nesta estrada até à Igreja: “…, mais do que ter ou fazer o importante é o que somos, o que somos é o que levamos sempre…”

Foi fundamental os meus pais deixarem-me livre para escolher o caminho que me fizesse mais feliz; na mesma medida foi tão importante sentir nas pessoas que encontrei e me acompanharam, em todo o percurso, depois da decisão tomada, o mesmo respeito por esta liberdade…

Em 1992, tinha18 anos, entrei no Instituto Secular das Cooperadoras da Família e aqui o grande toque foi-se clarificando e os “receios ou inquietações” foram serenando, à medida que senti que a missão aqui realizada em prol do melhor bem e santificação da família, se ajustava com o meu perfil. Este perfil muito pessoal, construído na minha família, na escola e na Igreja onde cresci na fé, qual pilar que susteve todas as alegrias e experiências, desde a infância até à juventude, continuando a “colorir” e a mover todos os meus passos até aos dias de hoje, com 48 anos de idade.

O acolhimento sentido por parte da família de origem e da família Instituto faz-me pertença verdadeira e com sentido. Esta memória é guardiã de um passado, de uma história em curso, uma força na construção de um presente em ordem a um futuro, onde o lugar é apenas o sítio … a missão; e encontrar a melhor resposta para os seus destinatários, é o que importa …

Hoje, encontro-me no Porto na missão de cuidar as pessoas mais velhas da sociedade, suas famílias e também de tantos outros que cuidam, como os colaboradores e Cooperadoras da Família residentes nesta cidade. Nesta missão de cuidar, tenho sempre presente a minha missão de Cooperadora da Família; ao cuidar da pessoa idosa, estou a abranger vários membros da família, dando-lhes o melhor de mim, para que todos se sintam confortados, tanto os que cuidamos aqui diariamente, como os seus familiares que precisam de estabilidade emocional para continuarem o seu trabalho e outros afazeres pessoais, sabendo que têm os seus familiares bem cuidados e atendidos; as colaboradoras e suas famílias, pois, cuidando do bem-estar das Colaboradoras, estamos a cuidar do bem-estar das pessoas que elas cuidam e, estando bem, a harmonia na sua família é também reforçada. Também as pessoas ou famílias que batem à porta a pedir ajuda, em qualquer âmbito, são atendidos, acolhidas e encaminhadas, levando pistas para que a resposta que procuram seja encontrada com maior facilidade. E ainda, a realização da missão junto deste grupo de Cooperadoras com quem partilho e vivo a minha vida numa dimensão de fraternidade, solidariedade, interajuda,… como numa família, vida que, segundo o nosso Fundador, há-de ser o protótipo da vida familiar!

Deixo a todos os jovens, sem exceção, a minha força, a minha fé, a minha paixão e até a minha solidariedade, para que os eventuais medos, indecisões, incertezas ou outras “escuridões”, se transformem em luz. Que o caminho que cada um tenha de seguir, seja uma felicidade para si próprio e para tantos outros que se cruzem nesse caminho ou venham a cruzar… estar ao serviço da família é um projeto de vida a dar mais vida à sociedade que nos rodeia …

Maria de Nazaré Soares – Cooperadora da Família

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