Senti uma alegria enorme e um forte sentimento de gratidão, por isso chamei a Débora, peguei-lhe na mão e disse-lhe “vamos juntas ao pé do quadro do Fundador”. Que lindo! Eu, Marta, a Cooperadora mais velha do Instituto, na eminência dos 100 anos de vida e tu, a Formanda mais nova, com 23 anos de idade. Aqui, de mãos dadas, confiei ao Senhor, através da intercessão do Fundador, a Débora, pedindo-lhe que a proteja. Foi um momento que me marcou profundamente e as duas estávamos mesmo felizes. Tinha a certeza de que o Fundador estaria mesmo muito contente, assim como eu estava. Há tanto tempo que não entrava assim uma jovem para o Instituto! Senti que o rosto da Débora irradiava felicidade por ter entrado no nosso Instituto, para colocar a sua vida ao serviço da “Santificação da Família”. Nesse momento recuei 67 anos, quando fui dizer ao Fundador que queria entrar para o Instituto – estou mesmo a vê-lo – e ele me disse a sorrir: “então a menina há tanto ano que anda por aqui e só agora é que quer entrar para o Instituto? Então vai já para a casa da Estrela”.
Estávamos as duas inundadas de luz, de Esperança e Confiança. Eu via naquela Jovem que se entregava com toda a generosidade ao Senhor, no Instituto, como que a continuidade do Instituto. Intuía que a Débora encontrava em mim, a Cooperadora mais velha no Instituto, força para se aventurar, hoje, no mesmo caminho.
Marta Vaz – 99 anos
Ali estava eu. Atrás das minhas costas o Fundador. O inspirador da minha caminhada. Ao meu lado estava Marta, um testemunho para a minha vida. Sim… aprendemos e construímo-nos com o testemunho dos outros.
Foi Marta, com a sua energia contagiante, que tomou a iniciativa e me agarrou nas mãos e me disse “Anda, vem junto ao quadro do Pe. Brás. Ele está lá em cima a olhar por nós, a dar-nos força para seguirmos este caminho. Eu já caminhei muito e continuo a caminhar, agora é a tua vez”.
Olhando para esta fotografia revejo a vida do Pe. Alves Brás e tento descortinar a vida de Marta. São quase 100 anos, um século de vida cheio de histórias, de vivências, de um caminho que se foi construindo. Imagino uma vida de altos e baixos, como a de qualquer um. Mas no rosto dela apenas transparece VIDA e sorrisos. Olho para ela e vejo-a como um pilar para a minha decisão. A sua alegria de viver contagia-me. Ganho força na caminhada. Fico com a certeza de que este é o Caminho a seguir, o caminho do Amor semeando o Amor. Ao pegar nas suas mãos enrugadas sinto a história da sua vida de entrega e isso dá-me força para seguir e não desistir. Leio nela “olha para mim, com quase 100 anos estou aqui firme e forte e se voltasse atrás faria a mesma escolha”. Um privilégio poder partilhar esta caminhada ao lado da Marta.
Débora Abreu – 23 anos