Pode-se ser também testemunha da fé em viagem, descobrindo lugares novos para os olhos e para a alma. Lugares que nos enchem de beleza, maravilha e uma sensação de tranquilidade. Quando viajamos, normalmente visitamos museus, palácios, praças, mas também lugares sagrados, tais como igrejas, santuários, capelas. Há muitos deles em todo o mundo, cada um com o seu próprio estilo e espiritualidade. Começo em Roma, a minha cidade de adoção. Não há lugar mais espiritual nesta cidade do que a Basílica de São Pedro, apesar de não pertencer à cidade, mas ao mais pequeno estado do mundo, a Cidade do Vaticano. A Basílica é dedicada ao príncipe dos apóstolos, Pedro, em torno do qual tudo ganha vida. Uma praça circular, com 240 metros de largura e rodeada por 284 colunas abertas na frente, acolhe o mundo e precede a Basílica. A praça tem a assinatura de um dos arquitetos mais famosos da época, Gianlorenzo Bernini, assim como a de Carlo Fontana e Carlo Maderno e S. Gallo, o Ancião. A primeira basílica remonta ao século III, e permaneceu em uso até ao século XVI, quando foi destruída para dar lugar aos trabalhos na nova basílica, que demorou mais de 120 anos para a vermos tal como é hoje. Ao passar pela porta de entrada, estou imediatamente rodeado de beleza, uma beleza de 186,36 metros de comprimento, na qual séculos e séculos de história estão impressos em estátuas, pinturas, esplêndidos mosaicos e brasões de armas papais. No interior encontra-se um grande disco de pórfiro vermelho conhecido como a “Rota Porphyretica”. Representa o local exato onde, dentro da antiga basílica Constantina, os imperadores eram coroados pelos papas. Foi nesta ‘Rota Porphyretica’ que Carlos Magno foi coroado pelo Papa Leão III na noite de Natal do ano 800. Estou impressionado não só pela história, mas também pelo profundo sentido de espiritualidade que exala das obras de grandes artistas, como na Piedade de Miguel Ângelo, que aos 23 anos imprimiu os sentimentos dos seres humanos, sofrimento e ternura, no mármore, e é a única obra-prima com a assinatura do autor. Há obras de Rafael, Cavalier d’Arpino e Bernini que continuam a surpreender-me. Impressionante é a cúpula de Miguel Ângelo, uma obra mamute de extraordinária beleza. Quando o autor deixou Florença para ir a Roma fazer a cúpula, despedindo-se da cidade e olhando para a cúpula de Brunelleschi, disse: Vou a Roma para fazer a tua irmã, maior sim mas mais bela não. Três grandes mulheres da história foram enterradas na Basílica, Matilda de Canossa, Rainha Maria Christina da Suécia, Maria Clementina Sobieska, mulheres que mudaram estilos de vida para abraçar a fé cristã, e muitos Papas cuja devoção pode ser vista nos olhos das pessoas que aqui querem rezar. Abaixo encontra-se uma necrópole contendo as relíquias mais importantes do cristianismo, as de São Pedro e dos protomártires romanos. Um lugar único que deixa uma pessoa sem fôlego em cada visita. Um lugar onde a espiritualidade e a beleza não são suficientes para se olhar com os olhos, mas é preciso o coração para as sentir.
Na próxima edição, aqui no nosso Jornal da Família, estejam atentos porque iremos fazer novas viagens pelo mundo e conhecer outro lugar cheio de beleza e de espiritualidade.
Cristiano Cirillo
circri@libero.it
Artigo da edição de abril de 2023 do Jornal da Família