No passado dia 30 de maio, foi lançado o Pacto Global pela Família. Trata-se, sem dúvida, de uma importantíssima proposta, à qual nos queremos manter atentos também a partir desta página.
O que se pretende com esta iniciativa fica bem claro logo no início da mensagem escrita pelo papa Francisco:
“Na Exortação apostólica Amoris Laetitia assinalei que «o bem da família é decisivo para o futuro do mundo e da Igreja» (n. 31). Com esta convicção, desejo apoiar o Family Global Compact [Pacto Global pela Família], um programa compartilhado de ações visando pôr em diálogo a pastoral familiar com os centros de estudo e pesquisa sobre a família presentes nas universidades católicas de todo o mundo. Trata-se duma iniciativa do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida e da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, que nasceu a partir de estudos e pesquisas sobre a relevância cultural e antropológica da família e os novos desafios que está a enfrentar.”
O objetivo deste Pacto é, igualmente, referido na mensagem de um modo muito claro:
“O objetivo é a sinergia, fazendo com que o trabalho pastoral com as famílias nas Igrejas particulares aproveite, de maneira mais eficaz, os resultados da investigação e do compromisso didático e formativo que se realiza nas universidades. Juntas, as universidades católicas e a pastoral, podem promover melhor uma cultura da família e da vida que, a partir da realidade, ajude as novas gerações – neste tempo de incertezas e de carestia da esperança – a estimar o matrimónio, a vida familiar com os seus recursos e desafios, a beleza de gerar e proteger a vida humana. Em suma, é preciso «um esforço mais responsável e generoso que consiste em apresentar (…) os motivos para se optar pelo matrimónio e a família, de modo que as pessoas estejam melhor preparadas para responder à graça que Deus lhes oferece» (AL, 35)”
Para alcançar esse objetivo, é proposto um caminho articulado em quatro passos:
1. ativar um processo de diálogo e maior colaboração entre os centros universitários de estudo e pesquisa que se ocupam de temáticas familiares, para tornar mais fecunda a sua atividade, nomeadamente criando ou relançando as redes dos institutos universitários que se inspiram na doutrina social da Igreja;
2. criar maior sinergia, nos conteúdos e objetivos, entre comunidades cristãs e universidades católicas;
3. favorecer a cultura da família e da vida na sociedade, para que surjam propostas e objetivos úteis às políticas públicas;
4. harmonizar e apoiar, uma vez identificadas, as propostas surgidas, a fim de que o serviço à família seja enriquecido e sustentado nas vertentes espiritual, pastoral, cultural, jurídica, política, económica e social.
Já mesmo no fim da mensagem, Francisco volta a destacar a importância vital da família, desafiando-nos a todos a não ficar indiferentes:
“Grande parte dos sonhos de Deus acerca da comunidade humana realizam-se na família. Por isso, não podemos resignar-nos com o seu declínio em nome da incerteza, do individualismo e do consumismo, que anteveem um futuro de indivíduos isolados que pensam em si mesmos. Não podemos ficar indiferentes ao futuro da família, comunidade de vida e de amor, aliança insubstituível e indissolúvel entre homem e mulher, lugar de encontro entre as gerações, esperança da sociedade. Recordemos que a família tem efeitos positivos sobre todos, enquanto geradora de bem comum: as boas relações familiares constituem uma riqueza insubstituível não só para os cônjuges e os filhos, mas também para toda a comunidade eclesial e civil.”
É, sem dúvida, uma proposta arrojada que, pelo seu alcance e amplitude, pode até fazer-nos duvidar da nossa capacidade para participar.
Sinceramente, não vejo razões para hesitar, reconhecendo, pelo contrário, neste desafio uma enorme oportunidade para podermos aprofundar ainda mais o nosso compromisso com a família. E, no momento em que nos encontramos a preparar a celebração dos jubileus, pode mesmo ser um incentivo que nos ajude a repensar, com ousadia, os passos a prosseguir no Instituto e no conjunto da Família Blasiana.
Juan Ambrosio
juanamb@ucp.pt
Artigo da edição de julho de 2023 do Jornal da Família