As mais belas descobertas durante uma viagem, são as que não se esperam, as que de repente nos enchem o coração de alegria, beleza e entusiasmo. Na minha viagem a Paris, descobri, por acaso, um lugar sacro muito bonito num dos bairros mais frequentados pelos jovens, o da Universidade de La Sorbonne. Trata-se da Igreja de Santo Estêvão do Monte e quase como se alguém nos indicasse o destino, entramos nesta Igreja e descobrimos um lugar fantástico e uma história nova, a de Santa Genoveva, padroeira de Paris
Genoveva nasceu em Nanterre, em 420 d.c., no seio de uma família da nobreza galo-romana. Quando os seus pais morreram, partiu com a sua avó, para Paris. A sua vocação era tão forte que, aos 15 anos, consagrou a sua vida ao Senhor e dedicou-se ao silêncio e à oração. Diz-se que tinha um caráter forte, permaneceu senhora da sua própria casa e assumiu as responsabilidades públicas, que eram por tradição da sua família. Tinha uma grande força de ânimo, e na passagem dos hunos de Átila, convenceu com grande determinação os parisienses a resistir. Paris foi assim defendida, graças aos seus habitantes, encorajados pelas orações de Genoveva. Defendeu Paris contra o terceiro rei franco, Meroveus, e contra uma guarnição de romanos. A sua fama de santidade espalhou-se por toda a França e pelo mundo inteiro. Toda a vida de Genoveva, foi dedicada à oração e à penitência. Converteu ao cristianismo Clóvis, filho de Meroveus, rei dos francos, de quem conseguiu ganhar grande respeito. Morreu no ano 502 d.c. Os parisienses têm um grande culto por Genoveva, por esta razão, é invocada para todas as calamidades. Como no ano 1129, quando Paris foi atingida por uma grande epidemia, devido ao envenenamento por centeio, e ao levar as relíquias da Santa na procissão, a epidemia cessou. Os restos mortais de Santa Genoveva repousam na Igreja de Santo Estêvão do Monte. A Igreja é de estilo renascentista e tem uma planta em cruz latina, a abside está fora do eixo, típica das Igrejas francesas renascentistas de estilo gótico tardio. Sob o arco entre o transepto e a capela-mor, encontra-se um raro exemplo de arquitetura, o chamado jubè (termo francês que se tornou comum para designar a tribuna sobre arcos, que em França foi utilizada a partir do século XIII, para isolar o coro, reservado aos monges ou cónegos, do público dos fiéis) de 1530 e 1535, o único exemplar ainda existente em Paris. A Igreja alberga também um grande órgão de 1633. A capela mais bela e a que mais me impressionou foi a de Santa Genoveva, composta por duas salas neogóticas: no centro, a capela axial, dedicada à Virgem Maria, e em frente, o sepulcro de Santa Genoveva, que está encerrado numa caixa metálica neogótica, criando um conjunto único. Em 1997, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, São João Paulo II, rezou diante dos restos mortais de Santa Genoveva. Descoberta por acaso quando passeava perto da Sorbonne, este lugar sagrado fascinou-me imediatamente, pela história desta mulher (Santa), mas também pela sua arquitetura particular e pela força inspiradora que aqui se vive e sente, a mesma tenacidade que levou Genoveva, a fazer compreender ao seu povo que a oração ajuda, sustenta, vence. E como dizia Antonio Tabucchi: “um lugar não é apenas ‘aquele lugar’, aquele lugar somos um pouco também nós, seja como for, sem sabermos, trazemo-lo dentro de nós e um dia, por acaso, chegamos lá”. Há muitos lugares sagrados e histórias pelo mundo, como a da Capela das….. na próxima edição, iremos descobri-la juntos. Até lá!
Cristiano Cirillo
circri@libero.it
Artigo da edição de julho de 2023 do Jornal da Família