Ana Bárbara tem 21 anos, partiu de Murça, Vila Real, com dois objetivos: ver o Papa Francisco e reencontrar-se. “Estou um pouco perdida como pessoa, perdida também nos estudos e espero que estas Jornadas me ajudem a encontrar o caminho que devo seguir”, afirmou Ana Bárbara ao Jornal da Família.
Ana Bárbara juntou-se à Juventude Blasiana/Focos de Esperança, ligados ao Instituto Secular das Cooperadoras da Família (ISCF), para participar na Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O grupo “Focos”, como habitualmente é chamado, trouxe à JMJ 60 jovens, entre os quais 8 animadores e vários voluntários que quiseram participar na Jornada como peregrinos mas também ao serviço do outro.
Muitos traziam a experiência e vivência deste grupo juvenil e outros juntaram-se-lhe para participar na JMJ e rumar a Lisboa. “Foi um grupo muito heterogéneo em que cada um fez a sua experiência”, conta Elisabete Puga, responsável da Pastoral Juvenil Vocacional do ISCF. “ A Jornada é individual e vai ser aquilo que cada um aceitar o que ela seja”, acrescenta. “Há jovens entusiasmadíssimos que estão a fazer experiências lindíssimas”, conta Elisabete Puga, que já leva três participações em Jornadas da juventude. Para esta Cooperadora da Família, o momentos alto para os jovens é sempre ver o Papa. “Num dos dias, o Papa passou mesmo junto a nós e foi emocionante ver um grupo destes ‘meus’ jovens abraçados a chorar, durante vários minutos. Foi uma alegria imensa”. Mas o entusiasmo e participação passaram também pelas encontros Rise Up (catequeses) e pelas inúmeras atividades oferecidas pela JMJ. Momentos que compensaram as poucas horas de sono, os quilómetros feitos a pé, as filas de espera para as refeições, para a casa de banho ou para encher a garrafa de água. “Mesmo nestes momentos o entusiasmo mantém-se porque eles entendem que este é o espírito das Jornadas”, acrescenta a Cooperadora Elisabete.
“Estou exausta, acordamos cedo, andámos imenso a pé”, desabafa Rita Maria de 17 anos. Mas o desabafo serve apenas para contrastar com a alegria que sente em estar na JMJ. “A experiência tem sido inesquecível. É um privilégio estarmos aqui”, afirma. Ana Rita acredita que as palavras escutadas nas celebrações, nas eucaristias “fazem-nos perceber aquilo que queremos fazer na vida”.
Ana Bárbara reconhece que “vai ser um longo percurso” para se reencontrar na vida mas está na JMJ para “ganhar forças para o fazer”. Das mensagens do Papa retém “uma Igreja para todos e que todos somos amados por Deus”. Para Ana Bárbara as palavras do Papa significam que “a Igreja deve ser uma família de inclusão e não de exclusão” e, reconhece, “às vezes não somos isso e temos muito a apreender com aquilo que o Papa disse”.
Alguns dos jovens “Focos” fizeram o dois em um nestas Jornadas. Além de serem peregrinos fora também voluntários. Muitos deles não participaram nos grandes eventos com o Papa Francisco mas estar ao serviço do outro e participar na “construção” da JMJ Lisboa 2023 compensou o esforço. Foi o caso dos jovens ‘Focos’ Ana Sofia e Francisco Costa. “Estou a dar de mim para ajudar os outros, estou a fazer com que outros possam ter uma melhor Jornada”, afirmou Francisco. Por seu lado, Ana Sofia destacou o agradecimento das pessoas aos voluntários. “Estão a ser duas semanas incríveis. É muito gratificante ver a forma como as pessoas nos agradecem”, afirma.
Ana Sofia fala também do incrível que é “ver um tão grande grupo de jovens que partilha a mesma fé” e sente-se orgulhosa por o grupo “Focos” ter conseguido proporcionar a alguns jovens, que não estão ligados a nenhum movimento juvenil, esta experiência. “Temos jovens que não faziam parte deste grupo e se juntaram a nós para participar neste evento porque esta experiência faz sentido vivida e partilhada em grupo”, refere.
Ao longo desta caminhada para a JMJ Lisboa 2023 alguns jovens já se foram juntando ao grupo “Focos”. Cátia Freitas veio do Porto e foi uma das jovens investidas numa celebração na Obra de Santa Zita, na Estrela, local de alojamento dos “Focos” nesta Jornada. Uma cerimónia em que foi atribuído um lenço e um crachá deste movimento juvenil e que simboliza o empenho de cada jovem na dinamização do grupo. Cátia está radiante com a experiência que está a viver. No telemóvel colecionou selfies com as bandeiras dos peregrinos dos diversos países. Tem uma especial, da Turquia, um país onde gostaria de viver. “Isto é uma experiência única que vai ficar para a vida que nos mostra que o amor é o mais importante na vida e nos mostra que o mundo é muito mais do que aquilo que os nossos olhos conseguem ver”, afirma Cátia Freitas.
IM
Artigo da edição agosto/setembro de 2023 do Jornal da Família