Portugal, um país que me é muito querido, é um lugar cheio de beleza, beleza artística, cénica, monumental e sobretudo beleza espiritual. Há muitos lugares sagrados de beleza única preservados em Portugal, mas há um especial que me chamou a atenção, a Capela das Almas, no Porto. Viajei juntamente com a minha prima, à ‘Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto’, uma cidade cheia de encanto e beleza, tal como os seus monumentos. Uma cidade à beira do rio Douro, cheia de gente, na ribeira e no centro. Na Rua de Santa Catarina, no centro da cidade, destaca-se em toda a sua beleza a ‘Capela das Almas’, uma pequena igreja escondida entre os prédios da avenida, mas destacada destes pelos numerosos azulejos que cobrem completamente as paredes exteriores, investindo-a de uma maravilhosa e brilhante luz azul.
Tem origem numa antiga capela de madeira construída em honra de Santa Catarina. A construção do edifício que hoje existe remonta a finais do século XVIII, altura em que a Confraria das Almas se mudou para a capela de Santa Catarina. A capela tem dois corpos, sendo o segundo mais baixo que o corpo principal, restaurado em 1800.
A fachada principal tem uma porta decorada e é completada por uma empena com uma grande pedra de armas. O corpo mais comprido é a torre sineira com a lanterna encimada por uma cruz metálica. A atual decoração da capela é composta por mais de quinze mil azulejos da autoria de Eduardo Leite que foram executados pela fábrica de cerâmica Viúva Lamego. Datam de 1929 e representam as etapas da vida de São Francisco de Assis e Santa Catarina, venerados na capela. Contrastando com o exterior, o interior é muito simples e alberga a imagem de Nossa Senhora das Almas, que remonta à data de construção da própria capela. O interior é de uma só nave, com um belo lustre de cristal no centro, e ao longo das paredes nichos com santos e pequenos painéis de azulejos e um altar de madeira muito simples, de cor creme. Esta pequena igreja é uma das mais íntimas e artisticamente interessantes da cidade, não só pelo seu revestimento de azulejos, mas também por ser depositária de uma espiritualidade, que comunica bem com a arte neste contexto.
A beleza, seja ela espiritual ou artística, está ao alcance de todos e pode ser encontrada por aqueles que a sabem procurar, porque, como dizia o escritor russo Fëdor Dostoevskij “a humanidade pode viver sem ciência, sem pão, mas unicamente sem a beleza já não poderia viver, porque nada mais haveria”.
Verão, tempo de descanso, de recarregar as baterias antes do regresso ao trabalho, e também tempo para planear novas viagens, novas descobertas.
Boas férias a todos os leitores e em outubro, se Deus quiser, iremos viajar até novos destinos…
Cristiano Cirillo
circri@libero.it
Artigo da edição de agosto/setembro de 2023 do Jornal da Família