A Sinodalidade entre a ecologia e a participação jovem

Começou hoje a primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sob o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’. “De que modo nós jovens podemos tomar esse caminho sinodal?”, pergunta Murillo Missaci.

Neste mês de outubro realiza-se o Sínodo dos Bispos, que procurará estabelecer o caminho para a consolidação duma Igreja sinodal, ou seja, uma Igreja em que todos caminhamos juntos como irmãos e irmãs num esforço conjunto. A Sinodalidade pode mesmo colocar-nos lado a lado como membros iguais da Igreja que participam ativamente e que contribuem para a sociedade, inspirados pelos valores da ética e moral cristã.

Então, de que modo nós jovens podemos tomar esse caminho sinodal? Em diversas ocasiões, o Papa Francisco já deu exemplos sobre a importância do jovem que se faz ouvir, que fala abertamente dos seus anseios e das suas expetativas relativas à vida na sociedade e à fé, reiterando a visão de uma Igreja que escuta cada indivíduo e que cuida do Povo de Deus respeitando a sua diversidade, estimulando a aproximação entre “Bispo e fiéis” e consolidando a Sinodalidade da Igreja, uma vez que ela é capaz de fazê-los convergir cada vez mais.

Inspirados pela encíclica de mesmo nome (cuja segunda parte será publicada a 4 de outubro), o Movimento Laudato si’, por exemplo, tem proposto diversas atividades para dar impulso à ecologia com foco na participação jovem e no aspeto sinodal da Igreja, já que os dois podem estar intrinsecamente conectados: de facto, a preocupação e o cuidado com a Criação só têm sentido se temos empatia e respeito pelo lugar onde vivemos, que, sendo o mesmo para todos, dá-nos uma responsabilidade comum e universalmente partilhada.

Como escrevi numa edição passada, o mundo nunca foi tão jovem, e por isso a participação dessa enorme porção da população deve ser estimulada em todos os âmbitos e modos. A nossa Igreja reconhece essa importância e impulsiona essa participação, como pudemos presenciar durante as Jornadas Mundiais de Lisboa, organizadas com tamanha maestria, que ficarão na nossa memória por muito tempo.

Continuo a acreditar que a conversão ecológica de que falamos deva começar “de baixo para cima” com as pequenas (e importantes) atitudes quotidianas na nossa sociedade, mas é muito importante reconhecer o papel da Igreja, que ao fortalecer a mesma ideia “de cima para baixo”, forma um verdadeiro laço sinodal que deve ser central nos nossos dias. A proteção ambiental já não pode mais esperar, e somente através do diálogo será possível reforçar esse laço e trilhar caminhos que nos conduzam ao bem do ambiente.

Murillo Missaci
missacimb@gmail.com
Artigo da edição de outubro de 2023 do Jornal da Família

Foto: Ricardo Perna

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