Solenidade de Todos os Santos

Furtado Fernando propõe-nos este mês uma reflexão sobre o projeto de vida de cada um e um convite à oração pelos que já partiram. Um artigo que parte da Solenidade de Todos os Santos que a Igreja assinala no dia 1 de novembro.

“Certo dia vi, na parede de uma estação de metro, em Praga, a inscrição: «Jesus é a resposta» (…). No entanto, outra pessoa acrescentara, com toda a propriedade, as seguintes palavras: «Mas qual era a pergunta?». (Padre Tomás Halík).

  1. Construir um projeto de vida diferente

Nestes tempos de provação com que se confronta a Humanidade, a Igreja convida-nos a refletir sobre a especial relevância da Solenidade de Todos os Santos.

Nela encontramos a resposta para a pergunta que, naturalmente, todos formulamos: como ser feliz duradouramente, independentemente das vicissitudes e das adversidades de que ninguém está isento?

“A santidade é um caminho exigente e radical que nos obriga a subir ao monte e nos envia a caminhar contracorrente. É verdade, que caminhar contracorrente é uma tarefa árdua e desgastante, mas, como afirmou o Papa S. João Paulo II, «caminhar contracorrente é o único caminho para chegarmos à fonte»”.

O Evangelho das Bem-Aventuranças apresenta-nos um Projeto de Vida, em que “foram e continuam a ser os santos e os pobres os que verdadeiramente abrem caminhos novos neste mundo enlatado, saciado, enjoado, dormente e anestesiado em que vivemos” (D. António Couto).

Às dependências antigas juntam-se, nas sociedades contemporâneas, outras que condicionam a autonomia das pessoas que, por uma razão ou por outra, nelas ficam enredadas.

Sermos livres é condição indispensável para, na fidelidade à nossa Missão, construirmos o nosso Projeto de Vida – o contrário de ter um projeto de vida é, como se diz prosaicamente, “ir vivendo”.

Muitos procuram a riqueza, o poder, a notoriedade…

Evidentemente que nada disto é, em si mesmo, negativo, desde que tenha por finalidade algo superior à “massagem dos egos” pessoais, que mais não é que um exercício pueril de autossuficiência.

Esta visão redutora de felicidade, centrada na exuberância das atrações efémeras, tem “feito escola” ao longo da história, tal como acontecia no tempo de Jesus:

  • O pensamento grego e romano via nos pobres uma ameaça à paz pública;
  • Eram elogiados os heróis militares, aqueles que promoviam a guerra e eram os vencedores;
  • Os chefes políticos e militares granjeavam tanto mais prestígio quanto maior fosse o seu autoritarismo e, mesmo, a sua crueldade;
  • As multidões eram arregimentadas na base de promessas, muitas vezes demagógicas, que lhes davam a ilusão que iriam melhorar a sua situação pessoal.

2. Uma oração

Este é também um tempo propício para, de uma forma particular, pedirmos ao Senhor pelos nossos familiares e amigos que já partiram.

Por eles e por todos rezamos para que, no seio de Deus, encontrem o Amor e a Paz.

“Te confiamos, Senhor, as almas dos nossos entes queridos, das pessoas que morreram sem o conforto sacramental, ou não tiveram ocasião de se arrepender nem mesmo no fim da sua vida. Que ninguém tenha receio de te encontrar depois da peregrinação terrena, na esperança de sermos recebidos nos braços da tua infinita misericórdia. Que a irmã morte corporal nos encontre vigilantes na oração e carregados de todo o bem realizado ao longo da nossa breve ou longa existência. Senhor, nada nos afaste de Ti nesta terra, mas em tudo nos dês o apoio no ardente desejo de repousar serena e eternamente em Ti. Amén” (Papa Francisco).

Furtado Fernandes
j.furtado.fernandes@sapo.pt
Artigo da edição de novembro 2023 do Jornal da Família

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