Estamos agora já a alguns meses do considerado fim da pandemia. E, olhando à minha volta, temo que a empatia criada se possa ter finado com ela. Antes queríamos dar sorrisos mas eram impedidos pelas máscaras; agora não temos máscaras mas também já quase não temos sorrisos. A sociedade está cansada e não tem tempo. Mas sorrir ao vizinho enquanto se abre a porta de casa demora o mesmo tempo que não o fazer; por cumprimentar o empregado que nos serve o café todas as manhãs não pagamos a mais na conta; ligar à família enquanto se caminha para o trabalho ou agradecer em oração o regresso a casa dão, provavelmente, ânimo para o resto do dia. A empatia é o único meio de ainda nos compreendermos. De compreendermos que só seremos capazes de ser individualmente, sendo em conjunto.
Cristiana Moreira
Artigo da edição de novembro de 2023 do Jornal da Família