Família, para crescermos como pessoas e em humanidade

A família é transversal a todas as áreas da sociedade e, por isso, sobre ela recaem múltiplos olhares. Alguns deles estiveram em reflexão no Fórum “Família, fonte de humanidade”, organizado pelo Jornal da Família.

“A família continua a estar na linha da frente de múltiplos olhares, na confluência de inúmeras preocupações”, afirmou Conceição Vieira, Diretora do Jornal da Família, na abertura do Fórum “Família, fonte de humanidade”. A iniciativa, promovida por este jornal e levada a cabo pelos seus colaboradores, quis abordar alguns desses olhares e preocupações a partir das propostas e dos documentos que o Papa Francisco tem vindo a publicar durante o seu pontificado.

Partindo das áreas sobre as quais escrevem mensalmente e sobre as quais recai a sua formação académica e/ou profissional, cada colaborador trouxe a este fórum o “seu” olhar sobre a família.

Juan Ambrosio, que tem vindo a desenvolver trabalho de investigação na área da Teologia da Família, abordou o Pacto Global pela Família, não sem antes contextualizar todos os documentos e iniciativas lançadas pelo Papa a que chamou o “ecossistema de Francisco”.  Na “constelaçãoa que chamou Amoris Letitia,  incluiu o Pacto Global pela Família lançado em maio deste ano. Uma iniciativa que pretende criar sinergias entre o trabalho académico das universidades católicas e a realidade concreta da pastoral familiar. O objetivo é promover a valorização da família nas mais diversas áreas da sociedade.

“Grande parte dos sonhos de Deus acerca da comunidade humana realizam-se na família”, escreveu o Papa Francisco na mensagem de lançamento do Pacto  Global pela Família.  Nesta linha, e em jeito de conclusão, para Juan Ambrosio o Pacto Global pela Família é uma iniciativa “para crescermos como uma família humana”.

Jorge Cotovio, doutorado em Ciências da Educação, e com uma longa carreira profissional como diretor pedagógico, traçou as linhas gerais do Pacto Educativo Global, proposto pelo Papa Francisco em 2019. Um a um, foi explicando os sete compromissos para “uma edução mais aberta e inclusiva”: Colocar as pessoas no centro; Ouvir as gerações mais novas; Promover a mulher; Responsabilizar a família como agente educativo de mãos dadas com a escola; Renovar a economia e a política e cuidar da casa comum. “Tudo isto, para crescermos como pessoas, em sabedoria, estatura e graça…criando laços!”, concluiu.

Da perspetiva global para um olhar local. Goretti Valente, professora do 3º Ciclo e Secundário e formadora na área da supervisão pedagógica, olhou para o papel da escola e começou por defendeu que a educação de uma criança assenta em três pilares: a família, a escola e a comunidade. À escola cabe a tarefa de “ensinar com arte” ou seja “com criatividade”. Para Goretti Valente “o educador é um verdadeiro artista da palavra, do gesto, da persistência e do amor ao próximo”. No fundo, a tarefa educativa deve consistir em “criar boas pessoas”.

Marina Amaro, psicóloga clínica, olhou “o ser e o estar em família” das crianças e dos jovens a partir do seu consultório. Pais e filhos que não são perfeitos e que por isso ficam “ansiosos e insatisfeitos”. “No ser e estar em família as desilusões tornaram os pais mais maduros e mais capazes” e o “sofrimento (em várias dimensões) é um ingrediente inevitável do caminho para uma vida emocionalmente menos clivada e, por isso, mais inteira”, afirmou Marina Amaro. O que está em causa é “sermos famílias suficientemente boas”, referiu. “Pais perfeitos criam dores de cabeça às crianças, estabelecem um padrão aquém do qual estas irão sempre sentir-se falhadas. Pais imperfeitos, mas bondosos, prestam um enorme serviço aos filhos: preparam-nos para o mundo como ele é, imperfeito e limitado”, afirmou.

Em jeito de conclusão a psicóloga Marina Amaro defendeu que é o com “amor,  escuta, tranquilidade” que os pais preparam os filhos para “a única vida que provavelmente terão: profundamente imperfeita, mas suficientemente boa”.

Nos múltiplos olhares sobre a família, um olhar sobre o amor no casal. Furtado Fernando, orientador conjugal, trouxe a este fórum um percurso pela “caminhada do amor”, desde a formação do casal, passando pelo nascimento dos filhos, a educação destes, a sua saída de casa e o envelhecer juntos. Durante estas fases há crises conjugais onde é necessários “rejeitar comportamentos tóxicos” e “desenvolver comportamentos vitamina”, defendeu Furtado Fernandes. De uma forma bem-humorada, pegando em aspetos caricatos de convivência entre casais, Furtado Fernandes foi percorrendo o “caminho do amor”, que às vezes tem momentos de “desamor”.

E porque a iniciativa Fórum “Família, fonte de humanidade” partiu do Jornal da Família, a jornalista Imelda Monteiro olhou a “família” na comunicação social. Depois de uma breve nota histórica sobre o Jornal da Família, um jornal fundado pelo Pe. Alves Brás e quase a completar 64 anos de existência, Imelda Monteiro quis responder à pergunta: “Quando é que a “família” se transforma em notícia? Na sua exposição, defendeu que “na maior parte dos casos, a família transforma-se em notícia por aspetos menos positivos”, mas  fez questão de trazer a este fórum exemplos de trabalhos jornalísticos, muitos deles premiados, que transmitem a força, a coragem e a beleza da família.

Cristiano Cirillo e Murillo Missaci que, a partir de Roma, têm mantido uma colaboração assídua com o Jornal da Família, também estiverem “presentes” através do envio de uma comunicação vídeo a todos os participantes.

Enquanto os pais participavam no Fórum, os filhos, que ficaram a cargo das Cooperadoras da Família, desenvolveram também a temática “Família” nas suas atividades. No final, entraram no salão do encontro para mostrar a sua visão da “família como fonte de humanidade”.

E porque se tratou de um Fórum com múltiplos olhares, terminou com mais um. Desta feita, o olhar do Pe. Octávio Morgadinho, o colaborador mais antigo do Jornal da Família, que ouviu atentamente todas as conferências do dia para um remate final e uma oração.

O Fórum “Família, fonte de humanidade”, que decorreu no dia 28 de outubro, na Casa de Retiros do Instituto Secular da Cooperadoras, em Fátima, contou com cerca de 120 inscritos e inseriu-se na caminhada trienal de celebração do Centenário da Ordenação Sacerdotal do Pe. Joaquim Alves Brás a 19 de julho de 2025.

IM
Artigo da edição de dezembro de 2023 do Jornal da Família

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