Seria a primeira participação de um Pontífice numa Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, mas uma infeção respiratória impediu Francisco de viajar até ao Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde até 12 de dezembro decorre a COP28.
Como diz o nome, essas Conferências são realizadas com o propósito de estabelecer normas e avaliar os progressos internacionais em relação à mudança do clima, e são realizadas anualmente desde 1995 em países-sede diversos.
Mas, em particular, o que se espera da COP 28? Os debates mais recentes mostram uma grande preocupação das lideranças mundiais com o uso dos combustíveis fósseis e a possibilidade de angariar fundos de investimento internacionais para ajudar o Sul Global, onde esses combustíveis ainda são uma matéria energética importante para a indústria crescente, e onde os desastres naturais têm um impacto maior. No que diz respeito à diminuição do uso desses combustíveis, a União Europeia, por exemplo, já determinou que fará pressão “a favor de um sistema energético global completamente (ou em prevalência) descarbonizado na década de 2030”. Para isso, é naturalmente necessário estimular a produção e o uso eficiente das fontes de energia renováveis, garantindo que essa transição energética se faça presente nos países menos desenvolvidos também. Fala-se da instituição de um fundo climático para diminuir o impacto dos desastres naturais, que se têm tornado cada vez mais frequentes e fatais, tanto nos países mais desenvolvidos como naqueles menos. Esse fundo poderia substituir o Fundo Verde para o Clima, como já tem sido proposto desde as últimas COP, tomando então uma responsabilidade e alcance maiores.
O Papa Francisco, bem consciente dessas questões, representa uma grande força a favor dessa tomada de decisões, que não pode continuar a ser adiada. A recente “Laudate Deum” demonstra-nos como ainda há muito a fazer para acabar com os problemas das mudanças climáticas, ao invés de buscar “remédios” temporários, é necessário “cortar o mal pela raiz”! Além disso, ressalta a importância das famílias e das comunidades locais no combate às mudanças climáticas, envolvendo-as também num sentido religioso de proteção da nossa casa comum.
Hoje temos a consciência geral da urgência de enfrentar esse problema comum, e estou certo de que temos acesso a tecnologias que podem facilitar a mitigação das mudanças climáticas, bem como a adaptação do Planeta a algumas delas. Tenhamos confiança e continuemos a dar, então, a nossa contribuição pessoal, familiar e comunitária!
Murillo Missaci
missacimb@gmail.com
Artigo da edição de dezembro de 2023 do Jornal da Família