O desenvolvimento da linguagem nas crianças é um fator primordial para comunicar e considerar-se um membro ativo do núcleo familiar ou escolar onde se encontra inserida. À medida que vai crescendo, a criança vai imitando os sons e articulando as palavras ou expressões. A maior parte delas reage muito bem e com muita alegria a esta fase de crescimento e integração. Aprende com a família, com os amigos, colegas, educadores e professores. A leitura, que acontece posteriormente, é um fator muito importante para este crescimento linguístico e continua a ser um momento de grande alegria e curiosidade. Um livro é um amigo. Ler é uma paixão e um desafio constante. Verifica-se algum decréscimo nesta euforia quando entram no ensino secundário e a leitura torna-se uma obrigação porque faz parte de um conteúdo programático. O gosto pela leitura é uma caminhada, com itinerários diferentes, de acordo com as caraterísticas de cada um. Mas é importante ler!
Os alunos têm vindo a apresentar algumas dificuldades na expressão oral aquando da apresentação das suas dificuldades ou pensamentos ou de temáticas propostas pelas várias disciplinas de estudo. Para alguns, expor ou explicar não é fácil. Os mais crescidos relatam que falam pouco e quase sempre dos mesmos temas. Preferem as mensagens, pois não necessitam de frases tão organizadas, nem de grandes textos. Os mais jovens ainda não se apercebem muito bem desta realidade e do quão importante é comunicar, mas referem algumas vezes que em casa falam pouco porque às vezes não têm com quem ou preferem jogar no computador. O mais curioso é que esta realidade é, muitas vezes, confirmada pelos pais ou encarregados de educação.
Neste momento tem-se verificado um aumento do pedido de aulas de apoio de terapia da fala, para alunos do primeiro ciclo, por se verificar que têm dificuldade em articular algumas palavras e sons e, em alguns casos, formar frases. Naturalmente que esta situação vai interferir com a aprendizagem, logo, é importante que seja avaliada, atempadamente. Como podemos resolver, atenuar ou prevenir esta situação? Não é fácil, mas podemos tentar fazer alguma coisa, mudando algumas rotinas ou atitudes, promovendo uma maior interação linguística, estimulando a repetição de novos sons ou novas palavras, proporcionando um maior convívio, elogiando a importância da fala e da linguagem como fatores de crescimento e de comunicação.
Percebemos e compreendemos que, depois de um dia de trabalho, muitas vezes extenuante, os encarregados de educação precisam de algum silêncio e paz, mas não seria nada desoportuno promover uma simples conversa de modo a que a criança ou jovem pratique a arte de bem falar, sem qualquer tipo de receio, pois o ambiente familiar proporciona, ou deve proporcionar, um pouco mais de confiança. Esta atitude, este bocadinho de conversa, pode prevenir grandes problemas de futuro a nível escolar e social.
A fala permite comunicar os nossos sentimentos e emoções, e, deste modo, não nos sentirmos sozinhos. Promover, fomentar e desenvolver a fala nas crianças é colaborar na construção de seres humanos melhores, porque conhecedores da importância de um instrumento fundamental de crescimento salutar.
Conversar é ,então, uma terapia a praticar.
Goretti Valente
Artigo da edição de março de 2024 do Jornal da Família