O desenvolvimento conjugal implica, para ser efetivo, o desenvolvimento pessoal de cada um dos cônjuges.
Estes processos devem ser convergentes, requerendo o empenhamento de ambos os membros do casal.
É indispensável que cada um não se deixe entorpecer pela rotina e, desse modo, assuma o compromisso de promover a melhoria sustentada da qualidade do relacionamento.
Por vezes diz-se que “está tudo bem”, porque dá menos trabalho…
Trata-se de um logro que, mais tarde ou mais cedo, se pagará com um preço acrescido.
Desejavelmente devem detetar-se, quanto mais cedo melhor, sinais que possam indiciar o desencadear de uma crise.
Neste sentido apresentam-se, seguidamente, algumas recomendações de modo que o exercício de certas características pessoais, em si mesmo positivas, não sejam, pelo seu exacerbamento, obstáculos ao desenvolvimento pessoal/conjugal:
- Para que o rigor não “vire” perfecionismo:
- Não rumine sobre os erros do passado, valorize o que conseguiu atingir de positivo;
- Gira de forma adequada as suas expectativas; se for excessivamente exigente criará condições para ficar frustrado.
- Para que a solicitude não “vire” paternalismo:
- Saiba dizer “não”;
- Assegure-se que os outros querem os seus conselhos.
- Para que a eficiência não “vire” ansiedade:
- Treine-se a “desligar”;
- Oiça as pessoas com atenção, não esteja a pensar logo no que vai dizer a seguir.
- Para que a sensibilidade não “vire” melancolia:
- Evite ampliar e interiorizar as críticas que lhe forem dirigidas;
- Viva o presente, evite a nostalgia do passado e a fantasia de um futuro “maravilhoso”.
- Para que a racionalidade não “vire” frieza:
- Não tenha receio de aceder às suas emoções;
- Diga aos outros que eles são importantes para si, mesmo que isso seja “lógico”.
- Para que a prudência não “vire” pessimismo:
- Programe-se positivamente. Sem descurar as ameaças, concentre-se, sobretudo, nas oportunidades;
- Festeje os seus sucessos sem pensar, de imediato, nas próximas dificuldades.
- Para que o otimismo não “vire” irrealismo:
- Programe-se com realismo, não esqueça as ameaças;
- Desconfie quando “for tudo facilidades”.
- Para que a frontalidade não “vire” agressividade:
- Tenha consciência que a sua franqueza pode chocar certas pessoas;
- Treine-se a, por vezes, não dizer logo o que pensa.
- Para que a diplomacia não “vire” indecisão:
- Não amorteça o impacto das suas críticas – não peça previamente desculpa;
- Perceba que há conflitos que não podem ser geridos em “ganhar-ganhar”.
Furtado Fernandes
j.furtado.fernandes@sapo.pt
Artigo da edição de junho de 2024 do Jornal da Família