(I) Padre Joaquim Alves Brás – Cem anos de Sacerdócio em prol da Família

“Celebrar cem anos de ordenação sacerdotal do Padre, Monsenhor, Joaquim Aves Brás é tomar consciência que o que vamos celebrar são mesmo os cem anos do seu sacerdócio, e não apenas os quarenta e um anos que ele exerceu cá na terra”, afirma a Cooperadora da Família Conceição Brites num artigo que recorda a primeira homilia do Pe. Brás na Paróquia de Donas.

Tu es Sacerdos in aeternum  – Tu és sacerdote para sempre; Non iam servos, sed amicos – «Já não vos chamo servos, mas amigos» (cf. Jo 15, 15)

Prepararmo-nos para celebrar cem anos de ordenação sacerdotal do Padre, Monsenhor, Joaquim Aves Brás é tomar consciência que o que vamos celebrar são mesmo os cem anos do seu sacerdócio, e não apenas os quarenta e um anos que ele exerceu cá na terra. Significa isto, o cumprimento daquelas duas citadas frases bíblicas: «sacerdote eternamente» e «já não vos chamo servos, mas amigos»; Significa, deste modo, crer que o seu sacerdócio continua hoje no céu, com Cristo, a participar da glória de Deus, como seu amigo, mas também a ajudar a salvar almas, porque esta é a glória de Deus, objetivo que o Padre Brás sempre prosseguiu durante toda a sua vida.

Sendo assim, podemos aplicar ao presente muito do que ele viveu e pregou no passado, como se o víssemos, e ouvíssemos de viva voz, tal como o viram e ouviram tantas pessoas que com ele conviveram, como, por exemplo, os habitantes da paróquia das Donas, na sua primeira homilia, com muitas e importantes palavras, como estas:

«Meus irmãos e paroquianos muito amados em Jesus Cristo: “…ordenei-me e vim para aqui para me ocupar daquelas coisas que são do meu Pai do Céu; (…) para gastar todo o meu tempo e imolar até a minha vida no laborioso e árduo trabalho da santificação das vossas almas. Saúdo-vos a todos, mas…, seja-me lícito saudar, em primeiro lugar, as criancinhas. Sim, meus meninos, saúdo-vos antes de todos, porque o brilho dos vossos olhos, a expressão do vosso rosto e o meigo sorriso dos vossos lábios que tem um não sei quê de sobrenatural, são a manifestação viva da graça divina, que recebestes no Santo Baptismo e que tendes a suprema ventura de conservar imaculada; sois os amigos prediletos de Jesus, aqueles que Ele, quando andava sobre a terra, chamava para junto de Si e acariciava com as Suas mãos divinas; sois a minha maior esperança e, por isso mesmo, sois e sereis sempre o objeto dos meus maiores cuidados». Depois destas palavras, o Padre Brás saúda os jovens e as donzelas, pedindo-lhes que aproveitem bem as suas energias e entusiasmo juvenil para progredirem no caminho do bem; saúda os pais e mães de família, que – diz ele – «tendes sobre os vossos ombros o pesadíssimo ónus da educação de vossos filhos»; por fim, dirige-se aos venerandos anciãos e enfermos, cheio de profundo respeito, para os quais «desejava ter um coração que fosse todo ternura, todo amabilidade e encanto, para que, «com a minha palavra e até só com a minha presença, pudesse ser-vos motivo de alívio e consolação…».

Imaginemos, agora, que a Paróquia das Donas – uma pequena aldeia do nosso país – se transforma no nosso mundo global, onde chegarem as poucas linhas impressas deste artigo. Então, estas palavras do Servo de Deus – Venerável Padre Brás –, perfeitamente atuais, passam a ter um eco avassalador para todos e cada um dos membros das vossas famílias. Ouçamo-las de novo, mas como o espaço de que aqui dispomos é limitado, vamos retomar apenas a sua primeira saudação, a das crianças. Comecemos por sublinhar aquelas palavras: o brilho dos vossos olhos (…) tem um não sei quê de sobrenatural, são a manifestação viva da graça divina que recebestes no Santo Baptismo, e que tendes a suprema ventura de conservar imaculada; Aqui, não tenho dúvidas de que o Padre Brás, desenvolveria a sua alocução, para dizer aos pais de hoje, palavras como estas: «Em primeiro lugar, caríssimos pais, não priveis os vossos filhos da graça inaudita do santo batismo. Depois, com fé, deixai-vos atrair por esse brilho sobrenatural, contemplai-o, e ajudai-os a mantê-lo, alimentando a sua inocência e pureza. Sobretudo, que não aconteça nunca convosco o que, infelizmente, acontece com tantos adultos, alguns deles pais e mães que, desde muito tenra idade, acham graça em ouvir das crianças anedotas e palavras obscenas e, por isso, lhes enchem os olhos e ouvidos com histórias e imagens que conspurcam a limpidez das suas almas, e o brilho sobrenatural dos seus olhos. Preservai as suas almas de toda a mancha e, à medida que forem crescendo e frequentando a escola nos seus vários graus de ensino, informai-vos bem dos programas que lhes são propostos, e exercei, quando for o caso, o vosso direito de recusardes o que possa prejudicar a fé e a moral em que pretendeis educá-los, e o mais que for interferência na vossa missão particular de pais conscientes e responsáveis.

Escutai-me, pais, mães e demais família, como se escutásseis o próprio Deus, porque todo o sacerdote, por mais indigno que possa ser na sua humanidade é, pelo ministério do sacramento da sua ordenação, ministro de Cristo, seu representante na terra, logo, nas suas funções, um “outro Cristo”».

Assim o viveram e o disseram muitos outros sacerdotes, que nos merecem todo o crédito. Assim o expressou o nosso Papa Bento XVI, ao dizer: «Passados sessenta anos da minha Ordenação Sacerdotal, sinto ainda ressoar no meu íntimo, no final da cerimónia da Ordenação, as palavras de Jesus: Tu es Sacerdos in aeternum. No dia da Missa Nova (…), éramos convidados a levar a todas as casas a bênção da Missa Nova, e fomos acolhidos em todo o lado, com uma cordialidade que até aquele momento nem sequer teria imaginado. Desse modo, experimentei muito diretamente as expectativas e a esperança que os homens depositam num sacerdote, aquilo que esperam da sua bênção, que resulta da força do sacramento. Eles viam em nós pessoas a quem Jesus Cristo tinha confiado a missão de levar a Sua presença aos homens». (Bento XVI, Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, 29 de Junho de 2011).

Assim o disse também, e assim o viveu o nosso venerável Padre Joaquim Alves Brás, cujo sacerdócio deixou tão luminoso rasto, que passados cem anos continua a iluminar com a sua vida e, por isso, com a sua palavra. Por isso, continuemos a escutá-lo e a receber dele para toda a família, as bênçãos, não já da sua “Missa Nova” na terra, mas do seu “Laus perene”, o seu louvor perene, a Deus, no Céu, que ele continuamente derramará sobre todos os que nele confiam e, de modo especial, os que, com fé e amor, celebram estes cem anos do seu sacerdócio.

Conceição Brites – Cooperadora da Família
Artigo da edição de julho de 2024 do Jornal da Família

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