Viajando descobrem-se muitas coisas novas: gastronomia, monumentos, tradições, rituais. Em Roma, e em especial no Vaticano, há um ritual que se repete de 25 em 25 anos, o Jubileu. É um ano de graça que é concedido a todos.
Este ano de 2024, no dia 24 de dezembro, à meia-noite, quando o mundo recorda o nascimento de Jesus Cristo, Salvador do mundo, o Papa Francisco abrirá a Porta Santa na Basílica de São Pedro, no Vaticano, dando, assim, início ao Ano Santo de 2025.
Mas o que é a Porta Santa? É uma das portas de entrada da Basílica do Vaticano. É uma porta murada, aberta apenas por ocasião do Jubileu, ou seja, de 25 em 25 anos. Esta porta permanece aberta durante um ano inteiro, para permitir a passagem dos peregrinos que vêm a Roma receber a Indulgência plenária, e representa a conclusão de um caminho de conversão que nos conduz a Cristo. Só se pode entrar/aceder, não é uma porta de saída. “Eu sou a porta, quem entrar por mim será salvo” (Jo. 10, 1-21). Por esta porta tem-se a graça da aquisição da indulgência plenária, a remissão dos pecados.
Em Roma, o Papa abrirá quatro Portas Santas, das quatro Basílicas principais: São Pedro, Santa Maria Maior, São João de Latrão e São Paulo fora dos Muros.
A Porta Santa da Basílica de São Pedro data de 1949 e é obra do escultor Vico Consorti. Já existia uma porta santa na antiga basílica constantiniana, ficava aberta de dia e de noite durante todo o ano jubilar e depois era fechada com um muro em cimento e coberta com cortinas. O Papa Paulo VI alterou o ritual de derrubar o muro e mandou construir uma porta para cobrir o muro em cimento.
A Porta Santa da Basílica de São Pedro é constituída por 16 painéis retangulares que contam a história da humanidade, desde o princípio até hoje, dispostos em quatro ordens, entre as quais se encontram 36 brasões pertencentes aos Papas que ao longo dos séculos a foram abrindo.
Também a Basílica de São João de Latrão tem uma Porta Santa que foi idealizada para o Jubileu do ano 2000 pelo escultor Floriano Bodini. É uma porta de bronze com Cristo na Cruz e, aos seus pés, o brasão de São João Paulo II, a Virgem com o Menino Jesus ao colo e uma mão a abençoar, que se diferencia de outros registos.
Na Basílica de Santa Maria Maior a Porta Santa data de 2001 e é da autoria do escultor Luigi Enzo Mattei. Representa, do lado direito, Jesus a sair do Sepulcro e, do lado esquerdo, Nossa Senhora representada como a Salus Popoli Romani. Em baixo, à esquerda, o Concílio de Éfeso, no qual a Virgem Maria é representada como Maria Theotokos, e à direita o Concílio Vaticano II, que a declarou Mater Ecclesie. Ao centro, dois pequenos brasões pertencentes à Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém e no topo o brasão de São João Paulo II, com o seu lema Totus Tuus.
A Basílica de São Paulo Fora dos Muros tem uma Porta que é obra do escultor Enrico Manfrini e está dividida em dois painéis e várias representações: na parte superior a misericórdia de Cristo, com a parábola do Filho Pródigo e do Bom Samaritano, no centro o Pentecostes e o martírio de São Paulo, e na parte inferior a arca da salvação e a multidão dos fiéis, que se aproximam da Eucaristia. Por baixo, a inscrição AD SACRAM PAULI CUNCTIS VENIENTIBUS AEDEM SIT PACIS DONUM PERPETUOQUE SALUS (Aos que se dirigem ao templo de Paulo seja concedido o dom da paz e da salvação eterna).
Este é o início de uma viagem que faremos ao atravessar cada uma destas Portas para descobrirmos os tesouros que estes lugares sagrados encerram…
Acompanhem-me nas próximas edições, na descoberta dos tesouros do Jubileu.
Cristiano Cirillo
circri22@gmail.com
Artigo da edição de novembro de 2024 do Jornal da Família