Continuando a abordagem de aspetos demográficos, selecionamos os que se seguem:
– Morbilidade no adulto. A designação de morbilidade diz respeito aos “estados de doença que afetam um indivíduo ou grupo de indivíduos num tempo determinado”. Ao desfecho ou resultado de final de cada doença, que poderá culminar em morte, tem sido usado pela comunidade ligada à saúde no nosso País, o inglesismo outcome.
Sobre os chamados fatores de risco para a saúde, apontam-se: o excesso de peso e obesidade (prevalência de 35-50% em adultos e crianças); a inatividade física, os excessos do consumo de álcool (10,4 litros/ano/ pessoa, superior ao da EU), de tabaco e de drogas aditivas como canábis. Quanto a hábitos nutricionais: além do baixo consumo de frutas e vegetais, os excessos no consumo de sal e de açúcar. O risco de obesidade é superior nos adultos quando tenha ocorrido na infância e juventude
Os fatores de risco e as próprias doenças, condicionam a chamada esperança de vida ao nascer. Em Portugal atingiu-se um valor médio de 81,5 anos, em comparação com o valor médio na EU27 (83,7 anos nas mulheres e 78,2 anos nos homens). São importantes a sobrevivência e a longevidade, sobretudo se associadas a boa qualidade de vida. Infelizmente, apesar dos progressos, cerca de 20-30% dos sobreviventes ainda evidenciam graus diversos de limitações físicas e cognitivas.
Abordando o tema “doenças em geral”, realçam-se as doenças crónicas, designadamente doença mental, diabetes. A doença mental tem entre nós a maior prevalência na EU: respetivamente 25% contra 12% da população da EU. Falando em doenças crónicas, é muito expressivo o panorama de associação de duas ou mais doenças crónicas em doentes idosos depois dos 65 anos: 38% a 55%. Trata-se do conceito de co-morbilidade. A diabetes surge na EU com uma prevalência média de 5-6%, inferior à que se verifica em Portugal (cerca de 10% da população). Quanto à diabetes de tipo 2, não dependente da insulina, mais prevalente em pessoas com hábitos “menos salutares”, como obesidade e sedentarismo, o panorama é semelhante ao da EU em geral.
– Mortalidade no adulto. A entrada no século XXI coincidiu com um ponto de viragem demográfica em Portugal. Com efeito, e de acordo com dados de 2008 (1,9 milhões), o número de pessoas com 65 anos ou mais ultrapassou o daquelas com menos de 15 anos (1,6 milhões). Em 2021 (com 79.582 nascimentos) registaram-se 125.032 óbitos em Portugal.
As doenças respiratórias continuam a ser uma das principais causas de morte em Portugal, e a terceira principal causa de morte no mundo. A OMS estima que, até 2030, venha a ser a principal causa de morte.
Sobre as causas de mortalidade na EU em 2020, apontam-se os seguintes valores, sobreponíveis aos de Portugal: doenças cardiovasculares-37%; doenças respiratórias- 8%; cancro-26% e causas externas diversas-5%; obesidade e excesso de peso- 52,7%.
– Imigração. A imigração, atualmente com valor superior à emigração, tem permitido o crescimento populacional na maioria dos países da EU, incluindo Portugal, compensando até certo ponto a baixa natalidade. Dados referentes a 2020 apontam para um acréscimo muito expressivo da população estrangeira residente, com um aumento superior a 12% em 2019, e conduzindo em 2022, a um valor total de 662.095 cidadãos estrangeiros. As maiores comunidades de imigrantes representam o Brasil (17%), Cabo Verde (14%), Ucrânia (9%) e Angola (8%).
João M. Videira Amaral
jmnvamaral@gmail.com
Artigo da edição de janeiro de 20245 do Jornal da Família
Foto ilustrativa: Pixabay