- Posições de vida
Habitualmente identificam-se quatro posições de vida:
- Positiva: quando temos consideração por nós próprios e respeitamos os outros. Esta é a atitude, como se compreende, que consubstancia a autoestima;
- Submissa: quando nos julgamos inferiores aos outros assumindo, por virtude disso, o papel de vítimas;
- Desiludida: não confiamos nem em nós próprios nem nos outros. Este é o caminho que conduz à desmotivação e à apatia. Nenhum projeto nos motiva. O ceticismo abala a vontade;
- Arrogante: sobrevalorizamos as nossas capacidades e minimizamos o valor dos outros. Utilizamos a crítica destrutiva como estratégia para afirmarmos uma suposta superioridade.
Evidentemente que, ao longo da nossa existência, temos “luz e sombras”. Reconhecer tal facto deve constituir um incentivo adicional para cultivarmos a nossa autoestima.
2. Desenvolver a autoestima
Tal como anteriormente definimos, promover a autoestima significa assumir atitudes e comportamentos que sejam consonantes com a nossa dignidade e que valorizem os outros. Com este objetivo enunciamos, a título exemplificativo, aspetos que consideramos relevantes:
- Banir as generalizações negativas: “não tenho sorte nenhuma”, “não tenho jeito para nada”, “ninguém me dá valor”;
- Valorizarmos os nossos sucessos, sem estarmos a pensar logo nas dificuldades com que no futuro possamos vir a ser confrontados;
- Aprender com os nossos erros, sem sucumbirmos à autoflagelação, o que só nos retiraria energia para, da próxima vez, fazermos melhor;
- Sermos coerentes, designadamente quando essa atitude possa ser contrária aos nossos interesses – “quem não vive como pensa, acaba por pensar como vive”;
- Aceitar as críticas, procurar compreendê-las, sobretudo quando não se concorda, em lugar de as considerar, à partida, como ataques pessoais;
- Desenvolver capacidades ao nível do relacionamento interpessoal, como seja a empatia, a disponibilidade, a recetividade e a mediação de conflitos.
3. Só os fortes têm capacidade de perdoar
Perdoar é próprio dos “fortes” e não dos “fracos”. É preciso desenvolver a autoestima para ser tolerante, condição para ter uma visão positiva sobre a vida.
“É próprio de Deus usar misericórdia e, nisto, se manifesta de modo especial a sua omnipotência” (S. Tomás de Aquino, in Suma Teológica, citado pelo Papa Francisco, in O Rosto da Misericórdia).
A arrogância, a submissão e a desilusão são atitudes que não permitem aceder ao significado libertador do perdão.
Guardar ressentimento – não ter a coragem de perdoar – é pernicioso, desde logo, para os que se sentem ofendidos.
Marian Rojas Estapé, in Como Fazer para Acontecerem Coisas Boas, apelida o ressentimento (re-sentimento) como um ingrediente tóxico, porque é “a repetição de um sentimento de forma recorrente e prejudicial”. Daí ela afirmar, noutra passagem do seu livro, que “perdoar é ir ao passado e voltar são e salvo”.
- Perdão um fruto do amor
“O Mestre do Amor queria ensinar aos homens a principal arte da inteligência e a mais difícil de ser aprendida: a arte de amar. Para aprendê-la era necessário cultivar a contemplação do belo, a tolerância, a compaixão, a capacidade de perdoar e a paciência. Muitos nem mesmo conseguem amar-se a si mesmos, quanto mais as pessoas de fora”. (Augusto Cury, O Mestre do Amor).
Furtado Fernandes
j.furtado.fernandes@sapo.pt
Artigo da edição de fevereiro de 2025 do Jornal da Família
Foto ilustrativa: Freepick