D. Ivo Scapolo, Núncio Apostólico em Portugal, conhece as Cooperadoras da Família há muitos anos. Há mais de seis décadas que a missão das Cooperadoras passa também pela Nunciatura Apostólica, onde têm a seu cargo o cuidado do “lar” Nunciatura. Ao longo das várias décadas, as Cooperadoras tem estado ao serviço do Núncio e de todos os elementos da Nunciatura, bem como dos Papas quando se deslocam a Portugal e ali ficam hospedados.
Na data em que o Instituto Secular das Cooperadoras da Família (ISCF) assinalou 25 anos de Direito Pontifício, o Núncio Apostólico em Portugal não poderia deixar de estar presente. D. Ivo Scapolo foi o primeiro a atravessar o Pórtico do Jubileu – um arco, cuidadosamente revestido a verdura, colocado na entrada da casa de Retiros do ISCF, em Fátima. Todos os presentes foram convidados a fazer este gesto e, em seguida, acenderam uma vela, colocada no chão, formando, em conjunto, o caminho que levava ao salão onde o dia iria ser de Ação de Graças.
As velas representaram a luz que cada Cooperadora ‘acendeu’ ao longo destes 25 anos.
Agradecer “por todo o bem”
No passado dia 4 de janeiro, o ISCF assinalou 25 anos de Direito Pontifício. O reconhecimento, atribuído no dia 1 de janeiro do ano 2000, pelo Papa São João Paulo II, significa que a Santa Sé, depois de analisar a caminhada do ISCF desde 1933, data em que foi fundado, reconheceu que se tratava de um Carisma válido, útil e complementar, alinhado com os objetivos universais e pastorais da Igreja, na sua razão de ser e finalidades.
“Esta é a ocasião para agradecer todas as graças recebidas e por todo o bem que, de maneira especial durante estes 25 anos, Deus distribuiu a tantas pessoas necessitadas mediante o Instituto Secular das Cooperadoras da Família”, afirmou D. Ivo Scapolo na homilia da missa de Ação de Graças, que encerrou o dia de celebração.
O Núncio Apostólico em Portugal não esqueceu a figura do Pe. Alves Brás, fundador deste Instituto e também ele a celebrar, neste ano, o Jubileu dos 100 anos de Ordenação Sacerdotal. Para D. Ivo Scapolo esta é uma oportunidade de dar a conhecer esta figura da Igreja. “É uma ocasião para conhecer e fazer conhecer sempre mais a vida deste sacerdote zeloso, que viveu de maneira exemplar o seu ministério pastoral, produzindo abundantes frutos a favor, particularmente, das jovens mulheres, das famílias e dos mais necessitados”, referiu.
Ao olhar para a história do Instituto, D. Ivo afirmou que “este é também o momento para fazer um balanço deste período de tempo e procurar entender o que o Senhor quer para os anos futuros”. Para já, D. Ivo pede ao Senhor o dom das vocações. “É também um desafio nestes 25 anos pedir, de maneira especial, ao Senhor o dom das vocações para que este carisma possa continuar a dar muitos frutos para a Igreja e também para a sociedade”, referiu o Núncio Apostólico ao Jornal da Família.
Também D. Augusto César, amigo de longa data das Cooperadoras, se juntou à celebração jubilar. O Bispo Emérito de Portalegre-Castelo Branco agradeceu “o serviço” que as Cooperadoras lhe prestaram ao longo de 26 anos na Casa Episcopal desta diocese. “Admiro o testemunho que elas dão e a maneira como elas ajudam e servem na humildade, na simplicidade, mas com um testemunho de vida pessoal e comunitária, digamos, como família”, referiu num curto testemunho durante a missa, onde foi concelebrante.
Evangelização da família, um carisma “urgente”
Na parte da manhã, Mons. José António Teixeira Alves, Conselheiro da Nunciatura Apostólica, foi convidado a refletir sobre o carisma que o Pe. Alves Brás confiou ao Instituto: a evangelização da família. “O carisma da evangelização da família está no centro da missão da Igreja”, começou por referir. Um carisma que “não é apenas necessário”, “é urgente”. “Num mundo que enfrenta profundas crises no âmbito da família, a sua missão é um sinal profético do amor de Deus por cada lar e um farol de esperança para muitas famílias que precisam de orientação, apoio e evangelização”, referiu.
Em tão vasta missão, os desafios são muitos. “Vivemos numa época complexa, em que a família enfrenta numerosos ataques e ameaças”, afirmou Mons. Teixeira Alves, passando a enumerar alguns dos desafios: a crise da identidade da família, o individualismo e o relativismo, o afastamento da fé, a pobreza emocional e espiritual.
Como dar resposta aos desafios? Anunciar o evangelho às famílias, reforçar a vocação familiar, curar e restaurar feridas familiares e ser testemunha da esperança foram alguns dos caminhos apontados pelo Conselheiro da Nunciatura Apostólica.
Quanto à forma de viver e fazer crescer o carisma em cada Cooperadora da Família, Mons. Teixeira deixou também algumas pistas: renovar a vida espiritual, formar evangelizadores da família, acompanhar com proximidade e amor, serem defensoras proféticas da família e utilizarem os meios de comunicação social.
Por fim, Mons. Teixeira pediu às Cooperadoras para serem “luz e esperança para a família”. “A sociedade precisa da mensagem de esperança que levam. E as famílias precisam do acompanhamento e da orientação que são chamadas a oferecer”, referiu.
Atitude sinodal
Foi também às Cooperadoras que se dirigiu a Coordenadora Geral do Instituto num dia cheio de significado. “Um dia de muita alegria, um dia de muita gratidão, mas também um dia de muitos desafios”, começou por afirmar Conceição Vieira. “O tempo presente não parece dar-nos tréguas, sobretudo quando olhamos ‘o grande campo de missão que nos está confiado e os recursos humanos de que dispomos’, consequência do ‘inverno demográfico sentido’”, referiu.
Em dia de celebração, foram muitas as perguntas que convidaram à reflexão de cada Cooperadora. “Como tenho sido luz na vocação de cada Cooperadora; como atrai e encanta a nossa vida e relação fraternas; que paixão deixamos transparecer? Como cuido e me deixo cuidar por cada uma?”, interrogou-se Conceição Vieira.
Em ano de triplo Jubileu: Jubileu da Igreja, Jubileu dos 25 anos de Direito Pontifício do ISCF e Jubileu do Centenário da Ordenação Sacerdotal do Pe. Joaquim Alves Brás, Conceição Vieira afirmou que “é necessário fortalecer uma atitude sinodal, na qual a comunhão, a participação e a missão são coordenadas determinantes para prosseguir o caminho”.
A celebração dos 25 anos de Direito Pontifício do ISCF reuniu, em Fátima, cerca de 170 Cooperadoras, das 213 que atualmente fazem parte do Instituto. Às presentes juntaram-se ainda, via online, as Cooperadoras que desenvolvem a sua missão em Espanha, França, Itália, Brasil e Angola.
Na celebração eucarística, que contou com a participação do Pe. Ricardo Lameira no órgão, foi, simbolicamente, plantada uma oliveira por quatro Cooperadoras da Família: Albertina Miranda (a Cooperadora com mais anos de Instituto), Florinda Quintas (a Cooperadora mais nova) e Isabel Mendonça e Mónica Dias (duas formandas). Na simbologia o “cuidado” inerente ao carisma das Cooperadoras da Família.
Texto e fotos: IM
Artigo da edição de fevereiro de 2025 do Jornal da Família