A Doutrina Social da Igreja e os nossos dias

Promover a dignidade humana e combater a desigualdade são apenas dois dos múltiplos pilares da Doutrina Social da Igreja. Para Murillo Missaci trata-se de um “um guia ético para construir um futuro melhor para todos”.

A Doutrina Social da Igreja Católica, formalizada pela Encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII de 1891, orienta os cristãos na interação com a sociedade, promovendo justiça, paz e dignidade humana. Ao longo do tempo, essa doutrina evoluiu com documentos como Quadragesimo Anno, Pacem in Terris, Populorum Progressio e Centesimus Annus.

A dignidade humana é central à Doutrina Social da Igreja, afirmando que todos os seres humanos possuem um valor intrínseco que deve ser respeitado. O bem comum refere-se às condições sociais que permitem o pleno desenvolvimento dos indivíduos e grupos, exigindo colaboração e responsabilidade partilhada. A solidariedade, um dos princípios que guiam a formação e evolução desta Doutrina, incentiva a coesão social e a interdependência, desafiando a indiferença e a exclusão. Já o seu princípio da subsidiariedade defende que as questões devem ser resolvidas no nível mais próximo possível das pessoas afetadas, promovendo a participação ativa das comunidades.

Nos dias de hoje, a Doutrina Social continua a ser relevante ao promover a dignidade humana e combater a desigualdade. A solidariedade cristã une diferentes denominações e promove o diálogo ecuménico. Além disso, a Doutrina incentiva ações concretas contra a pobreza e a fome através de programas de caridade e desenvolvimento sustentável. A promoção da paz e a resolução não violenta de conflitos são centrais, oferecendo esperança de reconciliação num mundo marcado por guerras. A Igreja hoje também aborda questões ambientais, encorajando práticas sustentáveis e integrando a justiça social com a responsabilidade ambiental.

Ao promover a dignidade humana e os direitos fundamentais, a Doutrina Social da Igreja oferece um quadro ético para a tomada de decisões em contextos diversos. A solidariedade e a subsidiariedade são chaves para fortalecer as comunidades locais e assegurar que as pessoas tenham voz ativa nas decisões que afetam as suas vidas. A paz, um valor central, não é meramente a ausência de guerra, mas um esforço contínuo por justiça e reconciliação. O compromisso com a sustentabilidade ambiental reflete a consciência de que o cuidado com a criação é essencial para o bem-estar de toda a humanidade.

A aplicação destes princípios nos dias de hoje é essencial para enfrentar os desafios contemporâneos. A promoção da dignidade humana, da solidariedade, da paz e do cuidado com a criação pode contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, unida e pacífica. Num mundo que enfrenta crises de desigualdade, conflitos e degradação ambiental, a Doutrina Social da Igreja oferece um guia ético para construir um futuro melhor para todos.

Murillo Missaci
missacimb@gmail.com
Artigo da edição de março de 2025 do Jornal da Família

Ilustração gerada por IA

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