Os Encarregados de Educação deixam transparecer com frequência alguma preocupação com os tempos livres das crianças e adolescentes. Como fazer, o que fazer, onde deixar e o que propor, são interrogações contantes, tendo em conta que a maior parte dos pais trabalham, têm horários extensos e muitas vezes a família está longe. Tendo em conta esta situação, muitas escolas já oferecem um conjunto de atividades extra curriculares diversificadas. A nível particular também já existem centros de estudo com programas diferenciados e adequados a cada idade em diversas áreas, desde o desporto, apoios pedagógicos, às artes em geral. É uma forma de evitar a solidão, de aprenderem habilidades novas, socializar e ao mesmo tempo promoverem a criatividade e desenvolverem a produtividade nas escolas. Mas, pela vida fora também existirão momentos de pausa, sem atividades ou nada para fazer e para os quais todos deverão estar preparados, para saber como ocupar. Isto é gerir o tempo livre de cada momento ou de cada idade. Ensinar, desde bem cedo, a lidar com cenários como estes, pode afastar a ansiedade de uns e a preocupação de outros.
Criar hábitos positivos e diferenciados que impulsionem a criatividade ou interesse pela aprendizagem, vai permitir criar memórias, estimular os laços de família, desenvolver atividades diferenciadas, equilibrar a parte emocional e autónoma e portanto preparar-se para os tempos livres. Esta tarefa, primeiramente acompanhada pelos pais ou outros familiares, preparam para os momentos em que tenham que gerir algum tempo livre que aconteça. É a forma ideal de incentivar a não escolher caminhos desajustados ou pouco favoráveis para a vida. A realidade é que nem sempre terão companhia, telemóveis, consolas ou videojogos por perto, logo, é bom que tenham outras ferramentas prontas a atuar.
As crianças costumam imitar as atitudes e exemplos dos pais. Positivos, bons, enriquecedores, marcantes e ajustados são grandes lições de vida que perduram pela vida fora e costumam dar bons frutos. Aprender a gerir e orientar o tempo livre para atividades que complementem o desenvolvimento/crescimento de cada um é uma forma positiva de promover a criatividade, socialização, desenvolvimento cognitivo, autonomia, equilíbrio e bem-estar físico e emocional. Tempo para ler, refletir, conversar, sonhar ou mesmo estar com a família são opções a considerar, porque cada ser humano é único e tem características diferenciadas.
Diversificar, apoiar e incentivar a cooperação dos mais novos, nas atividades familiares ou da comunidade, pode ser uma boa estratégia para o desenvolvimento e prática de atividades diferenciadas, que mais tarde vão eleger para treinar e expandir nos tempos livres, ferramentas para a vida.
Crescer também é brincar e criar memórias boas e positivas que aprendemos com os mais experientes e com a família.
Para todos, uma boa gestão do tempo livre!
Goretti Valente
Artigo da edição de março de 2025 do Jornal da Família
Imagem ilustrativa: Pexels