Obra de Santa Zita da Guarda – Ao serviço da família

A casa data dos finais dos anos 50 mas a presença das Cooperadoras da Família na cidade da Guarda é muito mais antiga. Foi desta cidade que partiu, nos anos 30 do século XX, toda a Obra fundada por Monsenhor Alves Brás que começou por apoiar as empregadas domésticas que se deslocavam das zonas rurais para as zonas urbanas. Na altura, o padre Brás, diretor espiritual do Seminário da Guarda, foi-se apercebendo das jovens raparigas que deambulavam pela cidade. Algumas delas grávidas, outras doentes ou apenas sozinhas, expostas a inúmeros perigos. “O padre Brás sentiu necessidade de fundar uma Obra que fizesse algo por estas raparigas”, conta Conceição Vieira, vice-coordenadora do Instituto Secular das Cooperadoras da Família (ISCF).

Até aos anos 80 a Obra de Santa Zita da Guarda, à semelhança de outras que se espalharam pelo país, era sobretudo uma casa de formação e acolhimento. As problemáticas sociais alteraram-se e já na década de 70 começa “informalmente” a acolher crianças numa ajuda clara aos pais e mães que trabalhavam fora de casa. Nos anos 80 dá-se a reestruturação da Obra e há que dar vida ao vasto património que outrora apoiou as empregadas domésticas e suas famílias.  Foi neste contexto que a Obra de Santa Zita se transformou numa Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) de apoio à família. Hoje a Obra de Santa Zita da Guarda acolhe 140 crianças repartidas pelas valências de creche, pré – escolar e ATL . “A nossa razão de existir, a razão do nosso trabalho é a família”, conta Conceição Valente, diretora da Obra de Santa Zita e Cooperadora da Família.

Ao todo são três as Cooperadoras que aqui desenvolvem o seu trabalho, ajudadas por 18 colaboradoras que assumem “vestir” a camisola da casa. Lurdes Canhoto é Educadora de Infância e está nesta casa há 22 anos. “Já tive hipóteses de sair três vezes e não quis. A gente cria raízes”, conta.  Dulce Leal é outra Educadora que já conta com 23 anos de casa. Acredita que cada educadora “faz parte da família de cada criança” e que os pais depositam nelas muita confiança. “Nós acabamos por estar mais tempo com os filhos do que eles”. A mesma opinião tem Dalila Ribeiro que está nesta casa também há 23 anos. “Temos crianças que entram aqui às 7h30 da manhã e saem às 7h da tarde”.

Com um projeto pedagógico marcado pelos valores da família, aqui, o ano letivo é pautado pelas festas que marcam o calendário litúrgico: o Natal, a Páscoa, o São Martinho, etc., e, claro, o Dia do Pai e o Dia da Mãe. “Nós tentamos através destes dias difundir a mensagem cristã e envolver crianças e pais na vivência destes dias”, conta Conceição Valente. Este ano as atividades giraram à volta do tema “Família, berço de ternura”.

Num mundo em que a família sofre inúmeras transformações esta casa é também um espaço de acolhimento e partilha. As famílias já não são todas constituídas pelo pai, pela mãe e pelos filhos. Há os filhos do pai e da mãe mas há também a família da mãe que deixou o pai e a família do pai que deixou a mãe. “Estas situações exigem-nos acolhimento e respeito. Tentamos ajudar a resolver os conflitos e lutar pelo melhor para a criança. São também as famílias que temos e é com elas que estamos a trabalhar”, afirma Conceição Valente. É com esta atitude que a OSZ da Guarda está de portas abertas a todas famílias.

Texto: IM/Jornal da Família – Edição maio 2017

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