No dia 27 de outubro, terminada a Missa, “corri” até casa para trocar os sapatos pelas sapatilhas. O convite fora feito dias antes – o grupo de jovens “Focos de Esperança” e membros da Comunidade da Santíssima Trindade (Santa Maria – Covilhã) tinham lançado o desafio de realizar uma caminhada entre a Capela de Nossa Senhora das Cabeças, em Orjais, e a de Nossa Senhora do Carmo, no Teixoso. O objetivo, pelo menos assim o entendi, seria unir com os nossos passos aquilo que temos já unido no coração.
Mas como é também necessário um bom aporte de nutrientes, por forma a garantir o sucesso da caminhada, partilhámos o almoço antes da partida, sob um sol tímido, mas muito bem-vindo!
E, entre conversas e guitarradas, lá fomos preparando o espírito para o percurso.
Se Nossa Senhora peregrinou há mais de dois mil anos, pela mão de São José e com o Menino dentro Dela, nós seguimos, à Sua semelhança, com Jesus no coração e pela mão do nosso Deus. Os nossos passos, mais ou menos estáveis, pelos caminhos da serra de Orjais, foram uma alegoria aos passos dos nossos dias. Inspirados pela beleza da Natureza e pela sua resiliência, bem patente na persistência com que se renova solitária depois dos incêndios, seguimos confiantes, apesar da chuva a meio do trajeto.
Houve lugar a reflexões e partilhas, a cânticos e a momentos de oração. Apesar de ter a certeza que Nossa Senhora nos ouviu sempre que Lhe falámos, creio com mais firmeza ainda que Ela esteve também connosco quando rimos e cantámos, quando demorámos os olhos na paisagem (assim como Deus, que não nos espera somente na Igreja e nos deixa, acenando, quando nos vê sair).
Chegados à Senhora do Carmo, foi-nos dada a oportunidade de Lhe agradecer ou pedir por escrito, numa pequena flor de papel, de acordo com a nossa consciência.
Despedimo-nos com cânticos.
Olhei-A e saí.
A imagem ficou na Capela, mas eu trouxe-A comigo.
Joana Rodrigues
Artigo da edição de dezembro de 2024 do Jornal da Família
Foto: Deolinda Araújo