Em 2025, o mundo viverá um momento histórico com a celebração da Páscoa no mesmo dia por todas as denominações cristãs, tanto católicas quanto ortodoxas. Esta coincidência é uma rara oportunidade para fortalecer os laços de unidade e promover o diálogo ecuménico entre essas diversas tradições.
A divisão entre as igrejas cristãs tem as suas raízes em eventos históricos, teológicos e culturais que moldaram a identidade de cada denominação ao longo dos séculos. No entanto, a busca pela unidade tem sido uma aspiração constante, refletida em iniciativas e movimentos ecuménicos que visam a reconciliação e a cooperação entre os cristãos.
A celebração da Páscoa no mesmo dia simboliza mais do que uma simples coincidência de calendários. É uma oportunidade para nos unirmos numa das celebrações mais importantes do calendário litúrgico. A Páscoa representa a vitória de Cristo sobre a morte e a promessa de vida eterna, um núcleo comum de fé que transcende as diferenças denominacionais.
Além da coincidência da Páscoa, 2025 também é um Ano Santo para a Igreja Católica, que, ao oferecer uma oportunidade única de renovação espiritual e reconciliação, pode desempenhar um papel fundamental no fortalecimento do diálogo ecuménico, ao encorajar os fiéis a se voltarem para os valores do perdão, da paz e da fraternidade.
Neste ano especial, é crucial lembrar que a busca pela unidade deve vir acompanhada de um compromisso mais amplo com a paz, a justiça social e a sustentabilidade ambiental. Devemos trabalhar juntos para estabelecer a paz nos diversos cantos do mundo, aproveitando as oportunidades para preservar o meio ambiente. Cada iniciativa ecuménica deve ser uma oportunidade para promover a fraternidade, o respeito mútuo e o cuidado com a criação.
A proteção do meio ambiente é uma responsabilidade partilhada por todos. É preciso continuar a adotar práticas sustentáveis e preservar os recursos naturais para as futuras gerações. Além disso, é essencial que trabalhemos para apoiar os que sofrem com a fome e os conflitos, oferecendo assistência e soluções duradouras para melhorar as condições de vida nos seus países.
Embora o ecumenismo traga muitas oportunidades para a união e a cooperação, é essencial que ele seja promovido com cautela também. A Igreja Católica deve assegurar que, ao buscar o diálogo e a integração, não perca os seus valores fundamentais e a sua identidade, mantendo as suas peculiaridades e riquezas enquanto busca pontos de convergência e colaboração.
Concluo esta reflexão de início de ano com o desejo de que 2025 seja um marco para a promoção da paz, da reconciliação e do respeito mútuo entre todos os cristãos, ao mesmo tempo que nos dedicamos também a causas maiores que beneficiam toda a humanidade, como a proteção do meio ambiente e o apoio aos que sofrem.
Murillo Missaci
missacimb@gmail.com
Artigo da edição de fevereiro de 2025 do Jornal da Família
Foto ilustrativa: Vatican Media | Papa Francisco com membros da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Oriental