Continuo a minha viagem para descobrir os tesouros escondidos no interior das Basílicas Papais cujas ‘Portas Sagradas’ foram abertas por Sua Santidade o Papa Francisco de 24 de dezembro de 2024 a 5 de janeiro de 2025.
Hoje, vou atravessar a Porta Santa da Basílica de Santa Maria Maior, aberta pelo Eminentíssimo Cardeal Rolandas Makrickas a 1 de janeiro de 2025, dia dedicado a Maria Santíssima Mãe de Deus. A Basílica representa o mais importante templo mariano do cristianismo. O seu interior conserva o aspeto cristão primitivo.
Segundo a lenda, um rico patrício romano chamado João e a sua mulher, sem filhos, decidiram dedicar uma igreja à Virgem Maria, que apareceu num sonho numa noite de agosto de 352 d.C. No sonho, a Virgem Maria indicava milagrosamente o local onde deveria ser construída a igreja. O Papa Libério teve o mesmo sonho e, no dia seguinte, quando se dirigia para o local que a Virgem lhe tinha indicado, encontrou-o coberto de neve. Este acontecimento é celebrado todos os anos em pleno verão no dia 5 de agosto, com o milagre da neve, tanto no interior, com uma cascata de pétalas brancas, como no exterior da praça, em frente da Basílica.
Atravessando a Porta Santa, entra-se num tesouro de espiritualidade: mosaicos, frescos, colunas, mármore e relíquias de extraordinária beleza e forte devoção. Aqui está preservado o berço sagrado do Menino Jesus, tanto que a Basílica é também conhecida como Belém do Ocidente ou Basílica de Natal de Roma. Sob o pontificado do Papa Teodoro (642), a Basílica recebeu o nome de Sancta Maria ad Presepem.
Mas também aqui está guardado o venerável Ícone da Salus Popoli Romani, tão caro aos Papas. Trata-se de um Ícone em madeira de cedro atribuído a São Lucas Evangelista. Em 590, o Papa Gregório I permaneceu em oração durante muito tempo diante da efígie sagrada, pedindo o fim da peste. Ao longo dos séculos, outros Papas também tiveram uma forte devoção a Salus Popoli Romani, até mesmo o Papa Francisco, que vem aqui rezar, antes de partir para cada viagem apostólica e no seu regresso.
A Basílica é composta por uma nave central com uma alta colunata, encimada por um teto em caixotões dourados e um arco triunfal com uma sessão de mosaicos, que remonta ao tempo do Papa Sisto III. Tem ainda seis capelas laterais e o Confessionário, construído em frente ao altar onde está guardado o Santo Berço. Numa das capelas laterais, encontra-se o túmulo de um dos maiores arquitetos romanos de todos os séculos, Gian Lorenzo Bernini, o artista dos pontífices.
Acompanhem-me na próxima viagem, iremos atravessar a Porta Santa de uma Basílica com temas orientais, palmeiras, mosaicos, pórticos e uma bela mensagem de esperança, a de São Paulo. Caros leitores, vamos juntos nesta descoberta…
Texto e fotos: Cristiano Cirillo
Artigo da edição de fevereiro de 2025 do Jornal da Família