Sagrada Família, uma extraordinária surpresa

Na Basílica da Sagrada Família, em Barcelona, a beleza arquitetónica é inseparável da beleza espiritual que provoca em cada visitante. A obra, a quem Gaudi dedicou 43 anos da sua vida, é Património Mundial e mereceu uma visita demorada de Cristiano Cirillo.

Sempre que se visita uma igreja, seja ela antiga, barroca ou rococó, ficamos impressionados com as formas sinuosas da arquitetura, os mármores, os estuques e as decorações, que nos põem em contacto com a exploração dos nossos valores interiores e com a ligação a Deus.

Na minha visita à cidade de Barcelona, na Espanha, tive um efeito diferente, encontrei uma espiritualidade muito forte ao visitar e descobrir a história que envolve a Basílica da Sagrada Família, que não é nem barroca nem gótica, mas moderna. Foi construída a partir de 1882 no estilo neogótico por Francisco de Paula Vilar, sucessivamente foi transformada no estilo Arte Nova ou conhecido como Modernismo Catalão, que nasceu com o arquiteto Antoni Gaudi em 1883.

       

É uma obra extraordinária, cheia de simbolismo. Na parte exterior, as fachadas estão cheias de esculturas e de torres, 18 no total e 12 das quais são dedicadas aos apóstolos, quatro aos evangelistas, uma torre a Jesus e outra à Virgem Maria. A torre da Virgem tem uma grande estrela de vidro azul no cimo e 12 estrelas à sua volta. Entre uma torre e outra, há esculturas em forma de cestos com vários frutos, elementos que aparecem na Bíblia. As duas portas da fachada principal, estão decoradas com motivos vegetais. Há uma grande variedade de estátuas que representam a natividade, a paixão, os anjos, símbolos episcopais, uma mistura de arte, escultura e espiritualidade. Toda a decoração externa tem também palavras da liturgia, como: Hossana, Sanctus, Excelsis. A decoração da porta da saída, conhecida como Porta da Paixão, também reproduz palavras da Bíblia. Se o exterior chama a atenção pela sua multiplicidade de símbolos, o interior chama a atenção pela sua luz e forte espiritualidade.

O interior é caracterizado por três entradas, que representam as três virtudes: o amor, a fé e a esperança. Além disso, 36 colunas diferentes formam o chamado bosque, iluminado pela luz dos vários vitrais. Na verdade, Gaudí concebeu as colunas para representar os santos que sobem ao céu e os anjos que os vêm buscar. Os vitrais representam alguns aspetos da vida de Jesus. Os vitrais da porta de entrada, conhecida como a da Natividade, são de cor verde e azul, e representam o nascimento de Jesus e estão virados para o sol nascente, enquanto os vitrais da porta da saída, ou seja, a porta da Paixão, são de cor vermelha e laranja, representam a luz e a ressurreição de Cristo e estão virados para o sol poente. Na parte central, sobre o maravilhoso altar-mor, a cúpula, em mosaico dourado, representa o cristianismo no seu conjunto. Não há capelas laterais, nem imagens de santos, apenas a Sagrada Família e San Jordi, o santo catalão. Em 2010, o Papa Bento XVI distinguiu-a como Basílica menor. Na cripta está sepultado Antoni Gaudi, grande arquiteto visionário. Uma obra que me envolveu de espiritualidade e que fiquei a admirar por mais de duas horas. Uma obra-prima extraordinária do ilustre arquiteto, que morreu em 1926 e dedicou 43 anos da sua vida à construção desta obra, declarada Património da Humanidade e ainda hoje incompleta. O arquiteto que afirmou, “às vezes a felicidade, é poder imaginar”. Por isso, obrigado Gaudí, pelo que construíste, pelo que partilhaste e pelo que ainda consegues fazer imaginar…

Venham comigo caros leitores, iremos descobrir outras obras-primas nas próximas edições.

Fotos e texto: Cristiano Cirillo
circri22@gmail.coM
Artigo da edição de outubro de 2025 do Jornal da Família

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