Depois das férias de verão, retoma-se lentamente a rotina da vida quotidiana, do trabalho, dos amigos, das viagens e das descobertas. Uma dessas foi ao Santuário da Santa Casa de Loreto, conhecido como a Lourdes de Itália, não por causa das aparições da Virgem Maria, mas, porque é o custódio da Santa Casa de Maria. Estive lá em setembro, durante uma curta viagem de família, na região verde de Itália, Le Marche. Um lugar Santo, com outro lugar Santo no seu interior, a Casa de Nazareth. Segundo fontes históricas, a Santa Casa foi transportada pelos cruzados em 1291, fugindo das invasões muçulmanas que estavam a invadir a Terra Santa e a destruir todos os sinais cristãos. De facto, um santuário na Croácia comemora a passagem dos cruzados por esta terra. No entanto, segundo a tradição, foram os anjos que trouxeram a Santa Casa para Loreto.
Em 1294, a Casa foi levada primeiro para o porto de Recanati e depois para a colina de Loreto. Era o tempo do Papa Celestino V, que tinha renunciado ao papado em 1924 e, além disso, nunca tinha posto os pés em Roma. Por isso, durante a ausência dos Papas de Roma, a disposição das relíquias cabia ao Vigário da Cidade, que neste caso era o bispo da Diocese de Recanati, e que decidiu que as pedras da Santa Casa fossem reconstruídas e guardadas na colina de Loreto. A primeira basílica é do século XIV e foi ampliada ao longo dos séculos para preservar este lugar especial. A praça em frente à basílica é também muito bonita! No interior tem três naves, com a Santa Casa no centro e a abside com o coro na parte de trás.
A casa é guardada por uma urna de mármore do período renascentista, na qual estão representadas cenas da vida de Maria. Ao entrar na Casa Santa, temos a sensação de participar nesse momento extraordinário para a salvação da humanidade; pensar que a vida quotidiana de Jesus, José e Maria teve lugar nesta casa foi um momento único e muito especial. No interior há só uma janela (conhecida como janela do Anjo) que seria a de onde o Anjo apareceu a Maria Santíssima. Emocionei-me ao entrar e rezar naquela casa onde o verbo se fez carne e habitou entre nós. Uma frase à entrada lembra este acontecimento: Hic verbum caro factum est. Ao entrar, estamos a ser acolhidos pela imagem de Nossa Senhora de Loreto, e aos pés da estátua, uma urna colocada sob o altar, guarda a relíquia do altar dos apóstolos e, ao lado, outra urna guarda as rosas de ouro, oferecidas como devoção pelos Papas a Nossa Senhora de Loreto. O Papa João Paulo II definiu este lugar como o Coração Mariano da Cristandade.
Cada lugar sagrado tem algo para contar, histórias que nos enchem de emoção, emoções de fé, em que a beleza e a espiritualidade vividas vale a pena partilhar.
Caros leitores, vamos partir de novo para outros lugares, cheios de histórias para contar, espiritualidade e emoções para viver…
Acompanhem-me na próxima edição.
Texto e fotos: Cristiano Cirillo
circri@libero.it
Artigo da edição de outubro de 2024 do Jornal da Família